Primeiro, seria bom o leitor saber que as revistas dedicadas à divulgaçâo de temas científicos e tecnológicos gerais se dividem em dois grupos: as revistas escritas por cientistas, e as revistas escritas por jornalistas especializados. O primeiro grupo, no qual se classificam, por exemplo, a famosa Scientific American, ou a Ciência Hoje, brasileira, trata os temas em maior profundidade e complexidade. Por isso, sâo de leitura mais difícil por pessoas que nâo tenham tido algum tipo de educaçâo básica em ciência (segundo grau, no mínimo, mas de preferência, que tenham realizado um curso superior em alguma área científica). É o caso da revista Ciência Hoje, excelente, que é editada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a veneranda sociedade que reúne todos os cientistas brasileiros.
O segundo grupo de revistas, exemplificado pela americana Discover, e pelas brasileiras Super Interessante e Globo Ciência, têm uma linguagem mais leve, jornalística, e trata de assuntos bem mais diversificados e superficiais. A Super Interessante, da Editora Abril (um grande sucesso editorial, com mais de 300 mil exemplares mensais), costuma ter artigos sobre história, tecnologia aplicada, e outras coisas que, como o próprio nome da revista declara, sâo interessantes por si só. A revista Globo Ciência tem um perfil semelhante, embora restrinja sua pauta de assuntos a temas mais científicos, do que a Super Interessante, mas também é muito bem feita e editada, com belas ilustraçôes.
Em nível internacional, a minha preferida é a Discover, que já mencionei, que é extremamente competente (há vários anos ganha o primeiro prêmio em sua categoria, da associaçâo americana dos editores de revistas). Tem uma circulação inimaginável para nós, brasileiros: mais de 7 milhôes de exemplares por mês ! Realmente, é uma maravilha imaginar tanta gente interessada em ler sobre assuntos sérios de ciência, como cosmologia, mecânica quântica, teoria da evoluçâo, energia nuclear, biologia molecular, e outros temas tratados pela revista.
Um terceiro grupo de revistas pode ser interessante para quem busca informaçôes científicas em nível mais profundo. mas ainda em nível nâo especializado. Essas revistas sâo úteis para quem quer acompanhar em primeira mâo os progressos da ciência, tomando contato com os artigos originais, revisôes ou notas prévias. Entretanto, é óbvio, sua leitura é bem mais difícil que os dois primeiros grupos de revistas que citei. É o caso das revistas Science, americana, Nature, inglesa, e Ciência e Cultura, brasileira. Sua assinatura geralmente é cara, por isso o melhor é lê-las em bibliotecas universitárias, onde podem ser achadas facilmente. Ou entâo, a nova moda é ler os resumos dos trabalhos publicados gratuitamente na Internet. Para quem tem acesso, o endereço da Science é http://www.aaas.org/. É um recurso que utilizo bastante.
As pesquisas de mercado feitas para jornais e revistas mostram que os temas científicos de atualidade estâo entre os mais preferidos pelo público em geral. Por isso, praticamente todos os grandes jornais têm editorias especializadas em ciência e tecnologia. Alguns deles, como o Estado de Sâo Paulo, têm cadernos especiais, de ótimo nível (a Folha de Sâo Paulo, infelizmente, extinguiu o seu caderno nessa área, relegando o tema para uma ou duas páginas do caderno Mais!, misturado com coluna social e resenhas de livros. Lamentãvel...)
Publicado
em: Jornal Correio Popular, Campinas, 12/1/96.
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