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Progressos da Informática

Renato M.E. Sabbatini

A Informática é a nova "menina dos olhos" das nações industrializadas avançadas, e a ambição máxima dos paises que aspiram a ser alguma coisa no contexto mundial, como, assim se espera, o Brasil. A razão é que ela fornece o próprio embasamento para a terceira onda, para a revolução social e econômica da era da informação. Historicamente, foi a área do saber que cresceu de forma mais rápida e acumulou mais conquistas.

Novas tecnologias surgirão da combinação múltipla de várias áreas, atualmente existentes, mas que ainda tem poucas "pontes" de travessia entre si: a Inteligência Artificial, os computadores super-paralelos, a telefonia digital, o laser, a robótica e a microeletrônica. Prever a tecnologia, neste caso, é relativamente fácil. Basta olharmos o que os laboratórios de pesquisa estão investigando atualmente, pois é quase certo que estas novidades acabarão chegando à industria e ao mercado dentro de algum tempo. Este "algum tempo", por sinal, é cada vez mais curto. O que é difícil é imaginar quais serão as suas consequências sociais, econômicas e psicológicas sobre a Humanidade. Aqui, o terreno torna-se puramente especulativo, pois são muitas as variáveis a serem consideradas.

Uma coisa é certa: graças à descoberta de novas técnicas de miniaturização eletrônica e de tecnologias de construção, os computadores ficarão cada vez menores, mais baratos e mais rápidos. Hoje, os supercomputadores mais velozes são capazes de 50 a 100 bilhões de operações por segundo. Com eles, por exemplo, os cientistas podem simular a colisão de duas galáxias, cada uma com um milhão de estrelas, em alguns minutos (na Natureza isso leva algo em torno de 500 milhões de anos !). Dez anos atrás, o mesmo problema demoraria alguns meses para ser resolvido. A IBM e outras empresas, entretanto, já estão desenvolvendo um computador, chamado de Teraops, que até o ano que vem poderá atingir um trilhão de operações por segundo. Com o desenvolvimento da computação óptica, isto é, utilizando circuitos a base de feixes de luz, ao invés de elétrons, essa velocidade será aumentada ainda mais.

Outro desenvolvimento interessante serão as micro-máquinas, que utilizam a mesma tecnologia de construção de circuitos integrados de alta densidade. Assim, além de possuirem circuitos eletrônicos digitais e analógicos, os "chips" podem incluir partes móveis tridimensionais, tais como motores, alavancas, molas, etc., construidas em silício. Um micro-robô, por exemplo, será um dispositivo autônomo, semi-inteligente, possivelmente descartável, do tamanho de um pequeno inseto ou até de uma célula, e que realizará diversos tipos de tarefas especializadas. Por exemplo: um micro-robô cirurgião poderá ser injetado no corpo através de uma abertura, nadará até o local a ser operado (um tumor, por exemplo), efetuará a cirurgia e sairá pelo mesmo ou por outro orifício praticado no corpo do paciente.

Uma revolução silenciosa também está sendo operada pela enorme capacidade de armazenamento dos sistemas óticos digitais (discos e cartões laser), que permitirá, em futuro breve, que enciclopédias ou bibliotecas inteiras sejam armazenadas em pequenos pedaços de plástico metalizado. Isto decretará, em termos práticos, a morte da palavra impressa e das bibliotecas, pois qualquer pessoa poderá ter um "livro eletrônico", com o tamanho, portabilidade e aspecto de um livro normal, mas que mostrará em sua única tela, as páginas de qualquer um dos milhares de livros armazenados em seu interior. Além do texto e ilustrações, como em um livro atual, o computador-papel será capaz de armazenar som, imagem animada e outras sensações digitalizadas, segundo um conceito já em desenvolvimento em muitos países, que é o da hipermidia.


Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas,
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