O computador de 6ª geração nem chegou ainda, e os cientistas já estão pensando como será o de 7ª geração. Eles serão baseados em circuitos ultra-miniaturizados, tão pequenos que uma unidade de memória desse computador ocupará o espaço de apenas alguns átomos de matéria. Serão os chamados "biochips": circuitos integrados baseado em substâncias orgânicas, como proteínas, ácidos nucleicos e outros polímeros envolvidos em fenômenos vitais. Tudo ainda se restringe à discussões totalmente teóricas, mas existem boas possibilidades de que um dia eles venham a ser construídos.
Os circuitos integrados dos computadores atuais são construídos com base em propriedades de condução da eletricidade de materiais cristalinos e metálicos. Os "chips" (um pequeno retângulo de silício ultrapuro, sobre o qual são montados os circuitos eletrônicos miniaturizados) são produzidos por técnicas automatizadas de injeção de impurezas no silício. Existe uma limitação física para a obtenção de estruturas de menos de 0,1 milésimo de milímetro de espessura, que é o comprimento de onda da radiação utilizada para impressionar as máscaras na técnica microfotográfica utilizada. É necessário usar ultravioleta, raios-X, e assim por diante. Montando-se uma espécie de microscópio eletrônico invertido, as técnicas mais modernas gravam os circuitos bombardeando-os diretamente com feixes de elétrons, muito mais precisos.
Assim, os engenheiros e cientistas já estão pensando em outras alternativas de construção de circuitos integrados. Para isto, estão "voltando à natureza", ou seja, estudam meios de aplicar os mecanismos fantásticamente eficientes e compactos que as células vivas usam para armazenar informação genética e bioquímica. Vejam, por exemplo, como as informações genéticas são armazenadas e transmitidas de geração para geração, com uma baixíssima taxa de erros. A informação é codificada nas moléculas de DNA, na forma de grupos de substâncias orgânicas que se repetem segundo padrões bem determinados. Apenas 100 gramas de DNA serviriam para codificar todo o conhecimento escrito que o ser humano acumulou em toda a História, e ainda sobraria espaço.
O problema é como poderíamos codificar, armazenar e extrair de volta esta informação. A Natureza utiliza métodos aperfeiçoados durante centenas de milhões de anos de evolução, "projetados" especificamente para resolver suas necessidades próprias. Atualmente, já sabemos como sintetizar moléculas de DNA, RNA ou proteina de forma a conter seqüências predeterminadas de códigos. É a tarefa da chamada "engenharia genética", que está revolucionando inúmeras áreas da tecnologia aplicada ao bem-estar humano. Entretanto, demora algumas horas para sintetizar uma quantidade ridiculamente pequena de moléculas, com poucos átomos. Decodificar a informação de novo pode levar horas ou dias. É muito lento, se compararmos com a velocidade da reprodução e de síntese de proteínas das células.
Já existem diversos trabalhos mostrando como se poderia usar moléculas como repositório de informação. Um destes métodos é o chamado "soliton", um mecanismo proposto por Forrest L. Carter, um pesquisador norte-americano, e que consiste em uma perturbação na estrutura da molécula, que se propaga como se fosse uma onda. O soliton pode ser usado para modificar pontos específicos da molécula, permitindo o armazenamento seqüencial de números binários na mesma. Em outra pesquisa, conseguiu-se utilizar raios laser para gravar informaçes em uma molécula sensível a luz, semelhante à encontrada na retina humana. Essas tecnologias poderão ser utilizadas para construir hipercomputadores, unindo a velocidade e precisão dos circuitos eletrônicos à enorme capacidade de memória das moléculas orgânicas.
É filosófico constatar que, com a volta à arquitetura biológica, provavelmente os computadores do futuro serão híbridos cyborg, metade máquina, metade seres vivos. Estaremos, mais uma vez, nos curvando à Natureza, que sempre desenvolvou métodos muito mais eficientes dos que os que conseguimos inventar. Dá o que pensar...
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