A boa notícia é que a era da informação barata e abundante chegou. A má notícia é que o dia tem apenas 24 horas e que será impossível para nós aproveitá-la plenamente !
A principal "briga" pelo direito de fornecer o maior volume de informação pelo menor custo possível está ocorrendo entre duas das vedetes da Informática deste final de século: a rede internacional Internet, com seus 3,5 milhões de computadores interligados, e o CD-ROM, que está se espalhando pelo mundo com uma velocidade surpreendente. Nos Estados Unidos, em 1995, a previsão é que um em cada quatro microcomputadores seja vendido com recursos de multimídia, entre os quais uma leitora de CD-ROM. Lá, o preço de uma unidade desse tipo já está na casa dos 100 dólares, em algumas empresas de venda pelo correio (poderá baixar mais ainda no futuro, mas ninguém é louco de garantir: vejam o que aconteceu com os chips de memória RAM, que continuam com preços absurdamente altos, ano após ano). Quanto à rede Internet, atualmente apenas 5 % dos microcomputadores existentes nos EUA tem uma conexão, mas espera-se que este número aumente entre 60 a 100 % neste ano. As curvas de crescimento da Internet são alucinantes, qualquer que seja o critério.
Como fonte de informação copiável pelo usuário (publicações, bancos de dados, software de domínio público, imagens digitais, etc.), tanto a Internet quanto o CD-ROM são muito ricos e baratos. Software de domínio público, por exemplo: apenas três grandes repositórios, o SIMTEL-20, o CICA e o GARBO, tem mais de 30.000 softwares grátis, em todos os domínios possíveis e imagináveis de aplicação. Só o CICA, da Universidade de Indiana, tem mais de 6.000 softwares para MS-Windows. Eles podem ser copiados por qualquer micro com acesso completo à Internet, através dos comandos FTP ou GOPHER. É aqui, no entanto, que aparece a primeira desvantagem da Internet frente ao CD-ROM. O processo de cópia, dependendo do grau de ocupação das linhas-tronco da Internet e da distância, pode levar um tempo interminável (tipicamente, aqui no Brasil, a noite, leva cerca de meia hora por cada 500 Kbytes). Durante o dia, nem pensar. Haja dinheiro e paciência (muitas vezes, a linha cai no meio de uma transferência, pondo tudo a perder. A Internet tem suas limitações, portanto, que o CD-ROM não tem. Se você é dono dele (ou o aluga em várias das lojas especializadas que estão começando a surgir por aqui), o acesso é instantâneo, e a cópia, rápida.
Felizmente, a "briga" está virando "casamento", e já estão saindo CD-ROMs que contém cópias completas do SIMTEL, do CICA, do GARBO, e de dezenas de outros repositórios. Seu preço é baixíssimo, pela quantidade de softwares que oferecem: comprei no Brasil, recentemente, o CD-ROM do CICA de setembro de 1994, por apenas 35 reais, pouco mais do que custa nos EUA. É uma pechincha. Muitas empresas estão se especializando em copiar o conteúdo da Internet e gravá-la em CD-ROMs baratos. Esta é uma tendência inevitável, mas que tem como desvantagem o fato de que o conteúdo de um CD-ROM sempre estará desatualizado em relação à fonte. Diretórios como o do CICA, recebem dezenas de contribuições novas por semana. A melhor solução para isso pode ser mista, e é a que eu adoto. Assino, via Internet, um boletim eletrônico semanal, que me alerta sobre as novas adições ao CICA. Assim, posso escolher as mais interessantes, e transferir para meu microcomputador, complementando o meu CD-ROM. Daqui uns seis meses ou um ano, compro outro CD-ROM do CICA, atualizado, e assim por diante. Existem boletins semelhantes para o GARBO, o SIMTEL20 e outros. Aliás, facilitaria bastante a vida dos usuários brasileiros se as nossas universidades tivessem "espelhos" da Internet por aqui. Espelho é uma cópia fiel, atualizada diariamente, do diretório-mãe, em outro ponto qualquer. Existem dezenas de espelhos do SIMTEL-20, por exemplo, um dos quais aqui mesmo em Campinas, na UNICAMP (máquina CESAR.UNICAMP.BR, login anônimo, diretório pub/simtel20). Outros diretórios, infelizmente, ainda não tem, pois isso exige gigabytes de espaço disponível em disco.
Outra alternativa é assinar um BBS (Bulletin Board System) nacional de bom nível, como o CMP, de Campinas, que oferecem acesso a uma torre de vários CD-ROMs on-line, durante 24 horas por dia. Geralmente eles compram a última versão, de modo que você pode copiar apenas os softwares que te interessam, a uma velocidade geralmente bem maior do que a Internet permite no Brasil.
O que me fascina nessa história toda, é a velocidade com que algumas pessoas se acostumam a essas inovações. Alguns anos (ou meses) atrás, seria impensável você ter 6 mil softwares em casa, por menos do que custa encher o tanque de um Monza. Hoje, tem gente que acha pouco. Ao mesmo tempo, é incrível como a maioria dos usuários de micros ainda desconhece a riqueza e o baixo custo dessas fabulosas fontes de informação, sabedoria e entretenimento, que estão ao nosso alcance, por muito pouco.
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