Web é o diminutivo carinhoso que os usuários da Internet reservam para uma de suas mais espetaculares atrações, a World Wide Web, ou WWW (e que pode ser traduzido por algo como Teia de Alcance Mundial). A Web é um conjunto de servidores e protocolos de comunicação, que funcionam sob a estrutura da Internet, e que tem a peculiaridade de poder transmitir documentos multimídia (textos com qualidade gráfica, sons, imagens estáticas, animações e filmes). É o serviço da Internet que mais cresceu nos últimos anos: de 1993 para 1994, o número de bytes transmitido cresceu 600 %.
Existem vários requisitos para se acessar a Web. O primeiro é ter um determinado tipo de acesso à Internet, que pode ser ligação física direta, ou por via telefônica, usando protocolos especiais, chamados SLIP ou PPP. O segundo é dispor de um software de leitura do material contido na Web, chamado de "browser" (visualizador). Existem vários deles, como o Lynx, o Cello, o Mosaic e o NetScape. A estrela dos "browsers", no momento, é o NetScape, que começou sendo distribuído como shareware, e hoje é o carro-chefe de uma empresa, que recentemente chamou a atenção da imprensa pelo seu crescimento espetacular na bolsa de valores dos EUA. Mas, essa situação pode mudar rapidamente, pois até seis meses atrás, o Mosaic era o "rei do pedaço". Nova versão do Mosaic, lançada recentemente (ainda totalmente gratuita, pois foi desenvolvida por um órgão do governo, o National Center for Supercomputer Applications, em Illinois), os apreciados e badalados recursos do NetScape são praticamente igualados. Além disso, existe um novo candidato na praça, o Hot Java, desenvolvido pela empresa Sun, que promete revolucionar as estruturas da WWW.
O esquema de funcionamento da Web é simplesmente genial. Como os arquivos de multimídia geralmente são muito grandes (e que poderiam levar uma eternidade para aparecer no micro do usuário), desenvolveu-se uma linguagem, chamada HTML (HyperText Markup Language, ou Linguagem de Marcação de Hipertexto), que permite codificar como será a aparência final de uma página da Web, usando um simples arquivo de texto, assinalado com determinados códigos especiais. Esse arquivo pode ser transmitido milhares de vezes mais rapidamente do que a imagem. A HTML é extremamente simples e fácil de se aprender, o que está levando a uma verdadeira explosão de surgimento de novas páginas na Web (estima-se algo em torno de 50 mil por mês !).
Sem dúvida, o maior impacto da WWW recairá sobre o ramo editorial. Já existem mais de 600 jornais e revistas on-line na Internet, usando os recursos da WWW, e esse número aumenta diariamente. A maioria permite o acesso gratuito e irrestrito (por exemplo, uma revista canadense de cirurgia plástica publica os artigos na íntegra, inclusive com algumas fotos e detalhes de cirurgias capazes de deixar pessoas leigas com o cabelo em pé), mas já estão surgindo as primeiras assinaturas pagas. A Encyclopaedia Britannica, por exemplo, rendeu-se à tecnologia, e colocou uma versão completa em multimídia desta famosa (e cara) obra na WWW. Entretanto, é necessário pagar-se por esse acesso.
Por outro lado, um número muito grande de publicações tradicionais, em papel, estão usando a Web para divulgar capas, índices e resumos de seu conteúdo, até mesmo antes de serem distribuídas aos assinantes e às bancas. Na área científica, as conceituadas e tradicionais revistas Science (americana) e Nature (inglesa) já estão presentes, com páginas muito bem feitas e informativas. Mas, não apresentam o texto completo dos seus artigos, talvez por terem medo de perder faturamento proveniente da venda das edições em papel. Entretanto, não deixa de ser uma boa propaganda, e um serviço útil.
O futuro, nessa área, é praticamente ilimitado. Minha previsão é que aumentará cada vez mais o número de publicações eletrônicas gratuitas na Web, principalmente as científicas. A razão é muito simples: produzir e distribuir as versões em papel é extremamente caro, atualmente. As revistas científicas têm como objetivo divulgar novas descobertas e idéias, e não ser fonte de lucro para seus autores (normalmente, os autores dos trabalhos publicados em revistas científicas não ganham um tostão pelas suas contribuições). Mas, dão um lucro razoável às editoras que se especializaram em intermediar o processo de publicação, e existem algumas revistas que tem preços de assinatura absolutamente exorbitantes (em alguns casos, 500 dólares ou mais).
Isso vai acabar. É tão fácil e barato produzir uma publicação eletrônica na Web, que as associações científicas, centros de pesquisa, universidades, etc., acabarão por dispensar os intermediários, e passarão a publicar gratuitamente na rede. Tudo depende de haver um número suficientemente grande de leitores potenciais para aquele assunto na Internet, mas essa é uma tendência irreversível.
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