Os jornais desaparecerão ? É uma a que muitos órgãos de imprensa de todo o mundo estão se fazendo, nesta era em que a explosão da Internet ameaça profundamente todos os meios tradicionais de informação de massa, da revista a TV.
A angústia e a indecisão são generalizadas, e muitos jornais estão entrando na Net, preventivamente. Ninguém sabe o que o futuro reserva para as publicações impressas em papel, se elas realmente serão substituídas pelas eletrônicas. Por via das dúvidas, mais de 400 jornais americanos já tem algum tipo de serviço de informação na Internet, a maioria através da revolucionária WWW (World Wide Web), que permite visualizações gráficas. A grande maioria das publicações está se posicionando na Internet com o intuito de ganhar experiência nesse novo meio de comunicação, em primeiro lugar, e por questão de prestígio e concorrência, em segundo. Praticamente ninguém está ganhando dinheiro ainda; as editoras ficam contentes se conseguem empatar o investimento. Além disso, o impacto dos jornais eletrônicos sobre o público é considerado muito limitado ainda, em virtude de que menos de 5 % dos usuários de computadores nos EUA têm acesso à Web. Por exemplo, o New York Times, o mais respeitado jornal dos EUA, está há bastante tempo na Internet (primeiro como Gopher, depois na WWW), mas até hoje tem apenas 18 % do total de seus leitores registrados, e apenas 3 % acessando regularmente a versão em Internet.
Um modelo interessante que deve pegar é o de o próprio jornal virar provedor de acesso a Internet. Esse é o caminho que vai seguir o nosso Correio Popular, através da empresa CorreioNet, que pretende ser um dos maiores IAPs (Internet Access Providers) do interior de São Paulo. A associação é boa em dois sentidos. De um lado, o jornal, sendo dono do conteúdo de informação gerada diariamente para sua edição em papel, poderá oferecer um imbatível serviço de notícias e outras formas de informação ao público usuário da WWW, esteja onde estiver no mundo. Em segundo lugar, oferece aos seus assinantes e leitores a possibilidade de ler o jornal on-line, e, de quebra, ter acesso ao mundo gigantesco da Internet, sem ônus adicional.
Outro aspecto muito interessante da CorreioNet é a possibilidade de aproveitar ao máximo as características da interatividade, velocidade, atualidade e simultaneidade da informação na Net. Por exemplo, as notícias mais "quentes" poderão estar disponíveis na edição eletrônica minutos após terem sido recebidas. Outra: os leitores poderão debater a notícia com os editores, autores ou outros leitores, nas áreas de chat (conversa virtual) e correio eletrônico. Formulários de preenchimento on-line poderão ser usados extensamente para realizar pesquisas de opinião, receber pedidos especiais dos leitores, receber anúncios classificados para publicação. Perfiladores automáticos despacharão para o endereço de correio eletrônico do leitor apenas os artigos que coincidirem com um perfil de interesse predeterminado (por exemplo, "quero todos os artigos que saírem sobre comércio nacional e internacional de café...). Os anunciantes poderão saber com precisão quantas pessoas leram uma determinada propaganda no jornal (o computador mantém um contador para cada página na WWW). Todas as matérias já publicadas podem ficar armazenadas no computador, e, através de um bom programa de índice, podem ser localizadas por palavras-chave; e assim por diante. O fato do jornal ser também um provedor de acesso, ou seja, proprietário ou coproprietário da estrutura de servidores, linhas telefônicas de acesso, etc., indubitavelmente dá uma grande vantagem estratégica em relação aos órgãos de imprensa que apenas alugam espaço em servidores comerciais.
Não há mais dúvidas que o mundo do futuro será todo interligado e que uma parcela grande da informação, comércio e serviços gerados na sociedade passará a ser domínio da rede. Quem perceber primeiro as implicações dessa revolução e se modificar de acordo, sairá ganhando. Esperemos que seja o nosso jornal...
Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas,