Mas será que interfere mesmo? Estudos recentes feitos nos EUA colocam em dúvida essas afirmações, que provêm da FAA, a poderosa agência norte-americana que regulamenta os transportes aeronáuticos. De fato, se fosse perigoso, muitos aviões já teriam caido por causa disso, pois existem passageiros que simplesmente não dão bola para a proibição, ou se esquecem de desligar. Como os comissários de bordo não têm como checar, então essa proibição não é muito séria. Se houvesse um risco alto, argumentam os críticos, todos os passageiros teriam que ser rigorosamente revistados, ou monitores de radiação super-sensíveis teriam que ser instalados na cabina, para indicar violações. Multas e outras punições teriam que ser estabelecidas. Desnecessário dizer que nada disso acontece.
Eu sou um desses que sempre carrega consigo um notebook e que não perde oportunidade de trabalhar mais um pouquinho, de modo a aproveitar o tedioso tempo a bordo. A maioria das companhias permite o uso de computadores portáteis a bordo, desde que seja acima dos 3 mil metros de altitude, e quando a aeronave encontra-se nivelado. Algumas já fornecem até tomadas de força em cada poltrona, para resolver o problema do descarregamento da bateria do aparelho. Também é cada vez mais comum encontrar celulares embutidos nas poltronas, para serem usadas no ar, a um preço bastante salgado.
Essa nova forma de renda levanta a hipótese de que as próprias companhias aéreas não estejam muito interessadas em liberar o uso de equipamentos eletrônicos com emissão de radiofreqüencia nas aeronaves. No entanto, os técnicos da FAA insistem que mesmo um efeito extremamente pequeno sobre os equipamentos de navegação, como o altímetro (medidor de altitude), já justificaria uma proibição rigorosa do seu uso. Quanto ao celular, existe uma outra proibição, da FCC (agência de telecomunicações do governo), que teme que várias estações radiobase sejam chamadas simultaneamente por um celular em vôo, bagunçando o sistema.
Assim, por via das dúvidas, melhor
proibir.
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Correio Popular.
Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas, 28/7/2000
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