Robôs
cirúrgicos
Renato Sabbatini
O
impensável já está acontecendo: robôs de alta
precisão, aliados aos recursos da realidade virtual, estão
começando a auxiliar cirurgiões de todo o mundo a realizar
proezas como cirurgias do coração e do cérebro. Em
alguns casos, como o que foi feito na semana passada no Hospital Sírio-Libanês
de São Paulo, o cirurgião estava a milhares de quilômetros
do paciente, acionando os manipuladores da cirurgia e visualizando o campo
operatório através de um computador ligado a um sistema de
telecomunicação por satélite. E em maio do ano passado,
cirurgiões cardíacos alemães utilizaram pela primeira
vez braços robóticos para realizar uma cirurgia de pontes
de safena.
Apesar desses feitos,
inda estamos muito longe, tecnologicamente, de ter um robô com capacidade,
inteligência e autonomia suficientes para substituir o ser humano
na maioria das tarefas, como aparece em filmes como "Star Wars".A única
coisa que os robôs atuais sabem fazer é reproduzir seqüências
de movimentos, como agarrar, deslocar, soltar, apontar, tocar, puxar, etc.
Quais as vantagens
dos robôs nas cirurgias, então? Muitas: eles podem trabalhar
através de aberturas cirúrgicas muito pequenas, não
tem fadiga ou tremor, e podem manipular instrumentos cirúrgicos
muito menores e mais delicados, e com maior precisão do que a mão
do cirurgião. Podem ser guiados por equipamentos de imagens médicas,
como tomógrafos, permitindo a navegação e a localização
espacial em alvos cirúrgicos complexos e inacessíveis (dentro
do cérebro, por exemplo).Podem efetuar tarefas que causam riscos
ao cirurgião, como pacientes infectados, colocação
de elementos radiativos, etc.
Até onde se desenvolverá
a cirurgia robótica? Espera-se que essa "parceria" entre máquinas,
computadores e seres humanos no centro cirúrgico se expanda muito
no futuro, à medida que uma grande variedade de procedimentos cirúrgicos,
implantes de órgãos artificiais, etc., se torne possível
com a evolução das tecnologias. Muitos pesquisadores acham
que o impacto da cirurgia robótica será tão grande
na medicina quanto foram os sistemas de projeto e manufatura baseados em
computador, na indústria mecânica.
Exagero? O que é
certo é que os robôs dificilmente vão substituir os
cirurgiões. Estes ultrapassam de longe as máquinas em termos
de adaptabilidade e capacidade de julgamento. Será sempre um cirurgião
que controlará as ações e movimentos dos robôs.
Em outras palavras, os robôs cirúrgicos totalmente autônomos
ainda estão distantes de serem uma realidade, e mesmo assim, possivelmente
nunca serão utilizados, devidos aos problemas éticos e humanos
que criarão.
Para Saber Mais
Sabbatini, R.M.E.: Os
Robôs Chegam à Sala Cirúrgica. Revista Check-Up,
2(12), agosto de 1999.