Não falta muito para o final do ano, e esta é uma época tradicional para a aparição dos famosos videntes e gurús, que fazem suas fantásticas previsões para o ano que se anuncia.
Eu sou um pouco mais impaciente, e prefiro fazer previsões para o começo do próximo milênio. Isso não é muito difícil de fazer, pois os líderes da indústria geralmente trabalham com planejamento estratégico de novos produtos com até cinco anos de antecedência. Além disso, as estações de trabalho de alto desempenho de hoje serão os microcomputadores domésticos de amanhã, mantendo a mesma faixa de preços, mas com capacidade cada vez maior.
Assim sendo, posso facilmente prever (com pouca chance de errar), que por volta do ano 2000 estarei comprando meu computador pessoal com as seguintes características, por cerca de 2.500 dólares:
Parece bom demais ? Pois tem gente que acha que estou até estimando por baixo o que vem por aí. Acontece que todas as tecnologias que eu listei já existem e estão em uso, algumas delas experimentalmente. Os laboratórios das grandes indústrias da informática, como a Sun e a Microsoft, já estão sendo ocupados por centenas de protótipos de máquinas como essas, e elas estarão sendo usadas para o desenvolvimento das novas gerações de software. O grande problema é seu alto preço atual, e pouca disponibilidade comercial generalizada. Mas que elas virão, há pouca dúvida.
A surpresa ficará por conta dos desenvolvimentos revolucionários, que somos incapazes de predizer com segurança, tanto do ponto de vista tecnológico quanto do ponto de vista mercadológico. Por exemplo, a ascenção do CD-ROM era fácil de prever, e Bill Gates, o onipresente gurú, já tinha apostado todas suas fichas nele há 10 anos atrás. Já o DVD, o disco de vídeo digital, foi uma relativa surpresa. O que será que nos aguarda no futuro ? Pode ser que algum avanço inesperado na tecnologia de discos digitais leve à produção barata de discos de 200 gigas, quem sabe ? (embora seja difícil imaginar o que um usuário de microcomputador doméstico armazenaria em um espaço tão grande, mas isso é uma questão retórica apenas. Há apenas 2 ou 3 anos atrás, era ridículo imaginar discos de 3 gigas, como ficou banal hoje).
A única coisa que eu não tenho dúvidas é que vai ser cada vez mais divertido.
Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas, 21/10/97.
Autor: Email: sabbatin@nib.unicamp.br
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