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O video do futuro

Renato Sabbatini

Os monitores de vídeo e de cristal líquido (LCD) estão entre os componentes mais caros de um computador. Para os laptops, então, uma boa tela colorida de alta-resolução, que utilize a tecnologia mais sofisticada, pode custar até 60 % do preço do aparelho.

Além disso, os monitores de vídeo de mesa, que utilizam uma tecnologia semelhante à usada nos aparelhos de TV, chamada de "tubo de raios catódicos" (em inglês, CRT), são também caros, pesados, emitem radiação e tem uma vida útil curta. Aliás, a física dos CRTs mudou pouco, em seus princípios, desde o início do século. A novidade maior foi de como obter cor na tela. Como seus componentes também são caros, os monitores de CRT e de LCD têm mostrado grande inflexibilidade de preço, ou seja, ao contrário do que acontece com muitos outros componentes dos computadores, como placas, discos, teclados, etc., seus preços não têm diminuido muito com o aumento do consumo.

Por tudo isso, esta semana o mundo recebeu uma ótima notícia: a de que uma revolucionária tecnologia de produção de imagens, chamada LEP (Light-Emitting Polymer, ou polímero emissor de luz) poderá levar à fabricação de monitores extremamente pequenos, finos e leves, com qualidade superior de imagem colorida. Trata-se de um "sanduíche" de um plástico especial (polímero) e chips eletrônicos digitais, que emite luz sob controle do computador. Foi desenvolvido por cientistas de uma empresa inglêsa chamada Cambridge Display Technology, Será usado em telas de TVs e de computadores e será produzido no Japão, com colaboração com a Seiko-Epson, um dos gigantes da indústria eletrônica mundial.

Na semana passada a CDT mostrou uma fantástica minitelevisão com uma tela de 50 mm por 2 mm de espessura, com imagens perfeitas. Ao contrário das telas de LCD, as de LEP têm tempo de resposta muito rápido e não mostram imagens borradas quando o movimento é muito rápido. Além disso, podem ser vistas a partir de qualquer ângulo, de forma nítida. Outra vantagem é uma durabilidade muito maior do que os CRTs e LCDs, e também maior robustez.

As conseqüências dessa nova tecnologia serão muito interessantes. Devido à flexibilidade do plástico, e a possibilidade de fabricar telas de qualquer formato e em qualquer dimensão, teremos telas de computador que poderão ser emolduradas e penduradas na parede, como um quadro. Ou fabricadas do tamanho de um selo postal e coladas na parte de dentro de óculos. Ou ainda, poderão ser enroladas ou dobradas, fabricadas em formato oval, redondo ou irregular, e colocadas no bolso. No outro extremo, podemos imaginar que telões muito grandes e baratos, com excelente resolução, estarão disponíveis para o mercado de entretenimento, "home theater", projeção de vídeo de computadores, etc.

Por emitirem luz fria, não são prejudiciais à saúde, como os CRTs, se usados por muito tempo. E, sem dúvida, revolucionarão o mercado de câmaras VHS e das câmaras fotograficas digitais, cuja tendência, sem dúvida, é se tornarem em um único equipamento, que poderá ser acoplado a computadores, e capaz de tomar imagens coloridas de alta resoluçào tanto na forma de fotos como de filmes.

Não sabemos ainda quanto custará uma tela de LEP. Mas, ao que parece, o seu uso comercial disseminado, dentro de uns cinco anos, poderá levar a um novo e mais baixo patamar de preços na indústria. É o que todos queremos e esperamos !


 

Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas, 24/2/98.

Autor: Email: sabbatin@nib.unicamp.br
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