Pergunte a qualquer internauta qual é a coisa que mais o irrita e ele dirá que é o acesso muito lento à Internet. Essa é uma queixa constante, e não apenas no Brasil (existem algumas horas do dia em que o tráfego nas redes americanas é mais lento do que no Brasil, sendo o principal culpado pelos nossos engarrafamentos).
Uma das soluções à vista é continuar aumentando a velocidade das rotas entre cidades e entre países. Isso não depende dos usuários, é óbvio: são as grandes empresas de telecomunicações, como a Embratel, MCI, Sprint, etc., que fazem isso à medida que a demanda aumenta. No Brasil antes das privatizações, essas expansões eram mais emperradas devido à dificuldade de fazer investimentos rapidamente por parte das estatais, mas atualmente a situação está mudando bastante, pois é do interesse das empresas expandir o número e a capacidade das linhas digitais e dos roteadores. Está mais do que provado que assim que elas são disponibilizadas o tráfego aumenta até preencher quase toda a capacidade adicional! Para as teles, portanto, o investimento se paga rapidamente, e para os usuários, os preços baixam e a velocidade aumenta. Nessa área, estamos no bom caminho.
A outra parte da solução já é muito mais complicada: é a extensão da chamada "banda larga" à casa do usuário. Banda, em engenharia de telecomunicações, é uma expressão que identifica qual é a faixa de freqüências dos sinais de comunicação que um sistema permite passar. Isso depende basicamente do hardware, como os circuitos dos comutadores e roteadores, e do tipo de meio de transmissão (par de fios de cobre, cabo coaxial, cabo ótico, canal de rádio de microondas, etc.). Como quanto maior for a freqüência do sinal portador, maior será a velocidade de transmissão, "banda larga" (broadband, em inglês) significa altas velocidades, e esse termo assume diferentes significados à medida que progridem os padrões de telecomunicação no mundo. Atualmente, banda larga para o usuário é qualquer coisa acima de 256 Kbits/segundo, pois os modems mais comuns já permitem velocidades a cerca de um quinto disso. No futuro, será algo em torno de 100 Mbits/seg, mas a maioria dos usuários ficaria satisfeito com velocidades garantidas entre 2 a 30 Mbits por segundo, o que permite transmissão de vídeo em tempo real, por exemplo (30 quadros por segundo).
Atualmente os EUA vivem uma fase de grande discussão sobre os serviços de banda larga doméstica, um problema que eles chamam de "last mile" (última milha), que é montar a infra-estrutura de conexão do usuário até a central de comutação. Praticamente todos os lares americanos que têm computador também têm acesso a duas infra-estruturas de cabos que podem ser usadas para implementar a banda larga: fios telefônicos comuns e TV a cabo. No entanto, as empresas que fizeram grandes investimentos para instalar e manter essas infra-estruturas estão muito atrasadas no fornecimento de acesso à Internet em banda larga. Elas são acusadas de atrasos intencionais e má-vontade, com a finalidade de monopolizar o mercado. As companhias telefônicas querem uso exclusivo de suas fixações, é óbvio, quando podiam estar disponibilizado a "last mile" para outros provedores explorarem de forma mais ágil e mais barata. As empresas de TV a cabo insistem em serem as únicas provedoras de acesso à Internet, quando poderiam estar terceirizando isso, ou abrindo para vários concorrentes. O fato é que apenas 2% dos usuários domésticos americanos têm acesso à banda larga, e o cronograma previsto pelo governo está atrasado mais de dois anos. Espera-se que até 2002 essa proporção aumente até os 25%.
No Brasil, evidentemente, esses números são ainda desprezíveis, e a banda larga só é realidade nas instituições de pesquisas e em algumas empresas. Tirando alguns projetos-piloto da Net, da TVA e de algumas teles de alguns estados, com poucas centenas de participantes, nenhum usuário doméstico no país tem acesso à banda larga. A coisa pode mudar rapidamente se a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) agir no sentido de regulamentar e autorizar o acesso digital via TV a cabo, modems de alta velocidade (DSL, ou Digital Subscriber Lines), modems de rádio ("wireless") e TV satélite digital (DST). No entanto, aqui as coisas poderão andar mais rápido do que nos EUA, assim que os impasses forem sanados.
A Internet de banda larga será uma revolução dentro da revolução, pois permitirá a conexão dos provedores comerciais a um "backbone" (a malha formada pelas principais supervias de informação) do tipo Internet 2, que nos EUA chegará a velocidades de 1 Gbit/seg, e no Brasil até 300 Mbit/seg em poucos anos. Entre os setores que passarão por uma grande transformação estão os seguintes, segundo o especialista Jesse Berst, da ZDNet (www.zdnet.com):
Para Saber Mais
Veja também: Índice
de todos os artigos anteriores de Informática do Dr. Sabbatini no
Correio Popular.
Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas, 2/7/99.
Jornal: Email: cpopular@cpopular.com.br
WWW: http://www.cosmo.com.br