Um dos mais espantosos sucessos da história recente da Informática é o Palm Pilot, uma pequena agenda eletrônica produzida pela empresa americana 3Com, da área de redes e telecomunicações digitais (ficou famosa pelos seus modems). Até o momento foram vendidos mais de 5 milhões de unidades, em suas várias versões (atualmente está sendo comercializado o Palm VII), sendo que 3 milhões apenas em 1999. A divisão Palm tem um faturamento anual de 530 milhões de dólares, e esta semana ela se tornou uma empresa independente, que irá lançar suas ações no mercado no começo do próximo ano. Os analistas de investimentos acham que o valor das ações vai estourar, dando um valor de mercado muito alto à Palm, da ordem de 6 a 8 bilhões de dólares.
O sucesso do Palm Pilot é devido em grande parte à excelência do design e a amigabilidade do uso. É pequeno, levissimo, e tem toda a sua parte frontal ocupada por uma tela de cristal líquido. Não tem teclado: os caracteres e algarismos são escritos à mão em uma parte da tela, usando uma pena. É facilimo de usar e funciona muito bem, reconhecendo tudo o que você escreve com mais de 90% de acerto, por meio de um software chamado Grafitti. Se você não gostar desse sistema, é possível chamar um pequeno teclado na tela, que pode ser acionado com toques da pena. Sistemas PDA (Personal Digital Assistants) anteriores, como o falecido Newton, da Apple, também usavam um sistema semelhante, mas a baixa confiabilidade e grande número de erros afastaram os usuários.
Outros pontos excelentes do Pilot são o seu sistema operacional (Palm OS 3.3) e filosofia de sincronização com um computador comum. Utilizando uma pequena base e um "botão de sincronização", todas as informações registradas na agenda são passadas para um banco de dados no computador e vice-versa, mantendo os dois sempre atualizados. Isso facilita a entrada e a importação de dados através do computador, inclusive o carregamento de softwares desenvolvidos especificamente para essa plataforma. A eficiência é muito boa: eu tenho um Palm V, e recentemente descarreguei gratuitamente, a partir de um dos numerosos sites dedicados ao Palm OS, um software de calculadora científica, que ocupa apenas 39 K, e que pode ser carregada no Palm Pilot através da sincronização. Já são mais de 20.000 desenvolvedores de software para o Palm OS, apenas nos EUA, que estão aproveitando esse mercado.
A liderança do Palm OS está aumentando cada vez mais (os concorrentes são o Windows CE e o Psion OS. O primeiro, desenvolvido pela Microsoft, é considerado muito pesado para equipamentos portáteis, e está perdendo mercado). Em conseqüência, é provável que o Palm OS ganhe a batalha pelos equipamentos portáteis, como telefones celulares, pagers, etc., que até o ano que vem estarão sendo vendidos maciçamente. A Nokia, uma das maiores fabricantes de celulares do mundo, já licenciou o Palm OS para operar em sua nova geração de "smart phones", que permitirão a navegação na Internet, o acoplamento de funções de agenda, etc. Ao invés de carregar agenda eletrônica, celular, pager, etc., um único aparelho portátil dará conta de tudo, com uma interface única e fácil de usar, para alegria dos nossos bolsos e cintos. É possível também que o Palm OS tenha no futuro uma interface de reconhecimento de voz, como acontece com alguns modelos de agendas eletrônicas e também com aparelhos celulares (o Samsung Voicer, por exemplo).
O avanço do Palm OS também
está se tornando aparente através dos primeiros palmtops
concorrentes do Pilot, como o recém-lançado Visor, que estão
adotando esse sistema operacional como padrão. Aliás, o casamento
final entre as várias tecnologias já está sendo oficiado:
o Palm VII tem acesso por rádio a um provedor de acesso Internet
e correio eletrônico, disponível nas maiores cidades americanas.
Isso permite um verdadeiro sonho, a possibilidade de navegar na Web, receber
e enviar email, em qualquer lugar, usando uma pequena agenda eletrônica,
com alto grau de usabilidade. É o futuro.
Veja também: Índice
de todos os artigos anteriores de Informática do Dr. Sabbatini no
Correio Popular.
Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas, 17/12/99
.
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