Informática Prática |
Revista Médico Repórter 2: 20-22 (Dez. 1998).
Veja também: Índice de Artigos de Informática Médica de Renato M.E. Sabbatini
O progresso inexorável das ciências médicas é uma boa coisa, ninguém duvida. Nunca se pesquisou tanto, nunca aconteceram tantas descobertas novas, em tão pouco tempo, na história da medicina. E podemos ter a certeza absoluta de que esse ritmo alucinante continuará aumentando e aumentando nos próximos anos e décadas. Alguns fatos que nos fazem refletir:
Resposta: continuar a aprender, sempre (o que os americanos estão chamando de "life-long learner). Isso nunca foi novidade, mas agora as cobranças estão aumentando. Exemplo? Um médico especialista nos EUA é obrigado a renovar a cada dois anos o seu título, através da demonstração formal de que continuou a estudar e se aperfeiçoar, sob pena de perdê-lo. É a recertificação médica, já existente em muitos países, e que também está chegando no Brasil, pelas mãos da Associação Médica Brasileira (AMB). Mesmo nos países onde isto não é obrigatório, é cada vez maior o número de empregadores que exigem demonstração disso no currículo dos candidatos a postos médicos.
Falando em revistas eletrônicas, é cada vez maior o número de publicações médicas disponíveis na Web, proporcionando um volume considerável de informação imediata, sem necessidade de ir a biblioteca, ou sem passar pelo dissabor de não encontrar uma assinatura da revista procurada. A MedWeb Plus tem um ótimo índice de quase todas as revistas publicadas. Um índice das revistas brasileiras pode ser encontrado no Catálogo Brasileiro da revista Intermedic. Além disso, já existem vários projetos de publicação médica na Internet, como o Grupo e*pub de Publicações Eletrônicas em Medicina e Biologia, mantido pelo Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP, que tem 12 revistas, o projeto SciELO, mantido pela FAPESP em São Paulo, e, internacionalmente, a Highwire Press, da Universidade de Stanford, que tem uma quantidade inacreditável de revistas de altissimo nível. Vale a pena visitar o site.
Outros sites fazem o trabalho de resumir artigos científicos publicados ou notícias médicas de impacto e colocá-los à disposição do médico. No exterior, os melhores são o WebMedLit e o InteliHealth. No Brasil existe um simpático serviço disponibilizado por estudantes de medicina da UFRJ, chamado MedReporter, que também envia as notícias por email.
É também cada vez maior o número de locais da World Wide Web (WWW, ou Web, para os íntimos) com informações de alto valor para quem deseja se atualizar. São dezenas de milhares de recursos, que podem ser encontrados facilmente em cátalogos especializados. Um dos maiores e mais completos no Brasil é o Hospital Virtual Brasileiro, que tem informações de apoio educacional em mais de 60 especialidades médicas e paramédicas, e que foi criado por nós no Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP, em 1996, com o apoio dos Laboratórios Biosintética, da Olivetti do Brasil e da Associação Médica Brasileira.
No Brasil, ainda são poucas as iniciativas do gênero, mas estão crescendo. Entre as universidades pioneiras, estão a UNIFESP (Escola Paulista de Medicina), que já oferece cursos à distância em nutrição, dermatologia e ortopedia oncológica. A UNICAMP é outra: desde 1997, oferecemos cursos de informática médica e de metodologia científica pela Web, com bons resultados. A oferta só tende a crescer felizmente, principalmente através de um grande projeto apoiado oficialmente pela AMB, que oferecerá cursos certificados por grandes instituições de ensino e associações médicas científicas.
O Instituto do Coração da Universidade de São Paulo (InCor) é outra instituição que está entrando na área de educação continuada, através de uma associação com a empresa Intramed, e com a Universo On-Line. Além de cursos de curta duração para especialistas, oferecerá também mestrados profissionalizantes em cardiologia, clinica geral e medicina de família, segundo a nova legislação passada pelo MEC.
No exterior, existem alguns "sites" de educação médica que se sobressaem, alguns pagos, outros gratuitos. Através do Medical Matrix, um utilissimo catálogo selecionado de recursos médicos na Internet, você poderá encontrar muitos. O próprio Medical Matrix oferece "simpósios eletrônicos" sobre temas variados, que dão créditos de EMC válidos pelos EUA. Existem na Internet vários localizadores de cursos de EMC: o maior deles é disponibilizado pela American Medical Association. Outros são o SearchCME, o CMESearch e o Current CME Reviews. Se você quiser receber pelo correio eletrônico noticias sobre os novos "sites" de CME na Internet, assine a lista de discussão CME Mailing List
Finalmente, é preciso notar que já surgiram as primeiras empresas e editoras especializadas em oferecer cursos pela Internet, inclusive no Brasil (o novo site do InCor é um deles). Renato M.E. Sabbatini é doutor em ciências pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, e diretor associado doNúcleo de Informática Biomédica da UNICAMP, em Campinas, SP. É também diretor de informática médica da AMB, e editor científico das revistas Informática Médica e Intermedic. Copyright 1998 Renato M.E. Sabbatini Publicação na Web: 9/Jan/1999. URL: http://www.sabbatini.com/renato/papers/reporter-medico-02.htmUma nova era
Dentro de alguns anos, a história da educação médica será dividida em duas eras bem distintas: antes e depois da Internet. As faculdades de medicina já perceberam, e começaram a mudar. Nos Estados Unidos, muitas faculdades de prestígio, como a de Harvard e a de Stanford, já tem uma parte de seu currículo em forma eletrônica, e os alunos de primeiro ano são obrigados a ter um computador e acesso à Internet. Com a Internet II, que começa a funcionar este ano nos EUA, interligando as principais universidades com conexões de altissima velocidade, será possível a TV Internet, a Rádio Internet e outras formas de transmissão de volumes gigantescos de informação, em tempo muito curto. A sofisticação e a complexidade dos recursos à disposição do educador serão fantásticos. E todos ganharão com isso.Para Saber Mais
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