Informática Médica |
Revista Médico Repórter
Veja também: Índice de Artigos de Informática Médica de Renato M.E. Sabbatini
Nos últimos seis meses, tem ocorrido uma verdareira explosão no número de "sites" médicos e de saúde na Web, e nas ferramentas novas que têm sido colocadas à disposição do médico. Crescentemente, essas aplicações, que antes se dedicavam a facilitar o mero acesso à informação científica, agora começa a se voltar para a documentação clínica, para o processo de tomada de decisão (diagnóstico, terapêutica, prognóstico, planejamento, etc.), trasmissão de imagens e sinais, e de apoio aos processos de gestão do consultório médico e do hospital, comunicação entre profissionais e destes com os pacientes, e assim por diante.
Essa grande expansão está sendo financiada por um novo modelo econômico na Internet, que é o investimento maciço realizado por capitalistas de risco nas novas empresas da era do comércio eletrônico ("e-business"), em franca valorização nos mercados financeiros (Bolsas). Com isso, os gestores tecnológicos e os próprios médicos estão obtendo recursos nunca obtidos antes, para realizar seus mais caros sonhos. E que sonhos!
Eis algumas coisas que deverão estar surgindo nos próximos meses na Internet, para auxiliar o médico em seu trabalho do dia a dia:
Outra aplicação que se tornará muito difundida no futuro diz respeito à terapia medicamentosa, que constitui o cerne da atenção ambulatorial da maioria das especialidades médicas. Uma série de funções facilitará a vida do médico, aumentará o conhecimento do paciente sobre o que ele está tomando, e diminuirá os riscos de problemas causados por interações medicamentosas. O médico contará com um "assistente de prescrição", que dará acesso a uma imensa base de dados on-line de medicamentos (tipo DEF), e que será ativado a partir dos problemas de saúde do paciente. Além da informação comumente presente nessas bases, o médico poderá calcular automaticamente dosagens e registrar o perfil medicamentoso do paciente, obtendo uma análise das potenciais interações cada vez que receitar um novo remédio. Essa função de interação medicamentosa estará disponível também para o paciente através da Web, de modo que ele possa exercer automedicação responsável, ou seja, quando for tomar um OTC, mesmo que aparentemente "inofensivo" (para o paciente&), como uma simples aspirina, ele possa checar antes se não há nenhum problema em relação às suas patologias (gastrite crônica&) ou aos medicamentos ativos em seu caso (anticoagulante&).
O famoso problema de "compliance" (aderência), que hoje se julga ser essencial no sucesso do tratamento, pode ser ajudado pela Intenet. Já existem softwares que enviam um email automaticamente ao paciente todos os dias, lembrando-o de tomar o medicamento prescrito, ou de pedir uma repetição da receita, compra de nova caixa, etc. Através de links colocados no email, o paciente pode ter acesso a artigos personalizados sobre o seu problema de saúde, explicando os males de não se medicar, etc. Poderá também facilitar a comunicação médico-paciente, permitindo que o paciente faça perguntas ou dialogue com seu médico através da Internet, reforçando a sensação de que está sendo acompanhado e a obrigação de assumir a responsabilidade pelo seu próprio bem-estar.
Entre as aplicações possíveis, uma delas permite que o paciente tenha acesso à agenda do médico e ele mesmo faça a marcação no dia e na hora que mais lhe aprouver, e que esteja livre na agenda. Antes, ele precisa passar por um processo de cadastramento e aprovação (por exemplo, checagem do nom Laboratório, e podem ser impressos pelo paciente em casa, se o médico que o atendeu não tiver acesso à Internet.
A parte administrativa e financeira dos consultórios e clínicas também será beneficiada. Atualmente, existem empresas nos EUA, como a WebMD, que oferecem o serviço de faturamento de convênios através da Internet, como uma facilidade adicional para o médico. A WebMD tem contratos com mais de 700 seguradoras e planos de saúde, que permitem que o médico envie de forma muito menos complicada e receba o devido também em menor tempo. A UNIMED de Belo Horizonte recentemente anunciou que estava realizando um projeto desse tipo com seus médicos cooperativados,e a tendência é que esse tipo de aplicativo venha a crescer, à medida que todos, médicos e seguradoras, estejam conectadas à Internet.
A grande revolução que ocorrerá dentro de 1 a 2 anos será que os PDAs, assim como os telefones celulares e os pagers estarão conectados continuamente à Internet através de ondas de rádio ('wireless'), e permitindo assim a navegação em qualquer lugar, para leitura do seu e-mail, localização de informação na Web, consulta a base de dados bibliográficos em rede, e muitas outras coisas mais, que atualmente são feitas apenas através de computadores maiores. Essa nova filosofia de computação atingirá em cheio a medicina dentro de 3 a 4 anos, e provocará um grande impacto, devido à facilidade de uso, ubiqüidade e baixo preço (um Palm V custa 290 dólares nos EUA). O modelo Pilot Palm VII já oferece essa conex&a telefone levou 20 anos para atingir seu primeiro milhão de usuários; a Internet levou menos de três anos. O aparecimento de um veículo único para todos os tipos de informação, interativas e não interativas, está prestes a acontecer. A área médica inevitavelmente também sentirá o seu poderoso impacto.
Endereços na Internet
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Renato M.E. Sabbatini é doutor em ciências pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, e diretor associado doNúcleo de Informática Biomédica da UNICAMP, em Campinas, SP. É também editor científico das revistas Informática Médica e Intermedic.
Email: renato@sabbatini.com
Copyright 1999 Renato M.E. Sabbatini
Todos os direitos reservados. Proibida a cópia para fins comerciais.
Publicação na Web: 29/Outubro/1999.
URL: http://www.sabbatini.com/renato/papers/reporter-medico-07.htm