Date: Wed, 16 Jul 1997
From: Liana Bergmann <liana@mbox.cfh.ufsc.br>
Tendo lido na Internet seu artigo publicado em jornal sobre Medicina Alternativa, no qual faz referências a Homeopatia e sendo eu e minha família usuários dessa especialidade médica gostaria que o Sr. soubesse o quanto está equivocado na sua maneira de pensar. Aliás, creio que a classe médica tradicional está em dívida com a Homeopatia.
Afirmo isso baseada principalmente em 2 fatos que ocorreram conosco onde, se dependesse do encaminhamento alopático recomendado na época (por vários médicos, inclusive de centros onde a medicina é considerada de ponta, a mais moderna e desenvolvida, no meu caso, somente para citar um exemplo, não teria tido filhos e tenho 2) nossas vidas tomariam rumos bastante tumultuados e irreversíveis. Minha desilusão com a medicina alopática é tanta que não tomo sequer aspirina para dor de cabeça, não vacino meus filhos, nunca usei antibióticos para tratar qualquer inflamação tão comum na infância, nunca usei antitérmicos, enfim, eles são totalmente virgens no que se refere a medicação química, e por paradoxal que isso possa parecer, são crianças que chamam a atenção pelo pouco número de vezes que adoecem e quando adoecem, pelo pronto reestabelecimento. Devo isso ao fato de ter optado pela Homeopatia.Só não entendo porque os médicos tem tanto preconceito com essa especialidade.
Liana Bergmann
Date: Wed, 16 Jul 1997
From: Renato M.E. Sabbatini, PhD <sabbatin@nib.unicamp.br)
Cara Liana:
Eu nao disse que a Homeopatia nao funciona. Eu disse que os seus principios cientificos nunca foram comprovados pela "ciencia oficial" (que nao e' alopatica, como a Sra poderia pensar, mas sim neutra, uma vez que utiliza principios universais de comprovacao de relacoes causa-efeito). Eu nao tenho duvida que algumas coisas da homeopatia funcionam. Na realidade, alguns dos agentes terapeuticos sao fitoterapicos conhecidos (baseados em plantas) e relativamente potentes. Eu so nao consigo acreditar, como cientista, que o principio das diluicoes sucessivas tenha alguma base.
>Minha desilusão com a medicina alopática
é tanta que não tomo sequer aspirina para dor de cabeça,
não vacino meus
>filhos, nunca usei antibióticos para tratar qualquer inflamação
tão
>comum na infância, nunca usei antitérmicos,
Essa sua atitude, se me permite dizer, e' extremamente arriscada. Casos individuais nao servem para comprovar nada. Seus filhos provavelmente sao saudaveis naturalmente, com boa resistencia e isso nao tem nada a ver com medicina alopatica ou homeopatica. No entanto, o dia que eles tiverem uma infeccao grave, ate' os homeopatas mais radicais sao unanimes em prescrever antibiotico. Cancer tambem nao se trata com homeopatia. O medico diplomado que prescrever bolinhas inertes contra cancer e' um criminoso e deve ser punido pelo Conselho Regional de Medicina.
> enfim, eles são totalmente virgens no que se refere a medicação química,
Homeopatia tambem e' medicacao quimica. A Sra. parece ter tanta fe' na homeopatia e nao sabe que ela se baseia em principios de tratamento quimico (diferentes da alopatia em alguns casos, mas nao tao diferente assim) ?
>e por paradoxal que isso possa parecer, são
crianças que chamam a atenção
>pelo pouco número de vezes que adoecem e quando adoecem, pelo
pronto reestabelecimento.
A sua afirmacao nao tem base cientifica. Teriamos que ver quantas criancas que recebem tratamento alopatico tambem tem as mesmas caracteristicas. Impressoes pessoais nao contam em ciencia, e, infelizmente, os defensores da homeopatia parecem fazer bastante uso de afirmacoes sem base como essas.
>Só não entendo porque os médicos tem tanto preconceito com essa especialidade.
Caro Sra. Liana, felicito-a pela sorte de ter boa saude na familia, e faco votos que continue assim. Meus filhos ja' foram tratados por alopatia e homeopatia, e tanto em uma quanto em outra, houve vezes em que funcionou, e vezes em que nao funcionou. A medicina "tradicional" nao tem preconceito contra a homeopatia, tanto e' que e' uma especialidade medica reconhecida oficialmente, tem residencia e pos-graduacao, e a Associacao Brasileira de Medicina Homeopatica faz parte oficial da Associacao Medica Brasileira.
A unica coisa e' que a maioria dos medicos e' contra a postura radical de alguns medicos e pacientes, que rejeitam totalmente os avancos cientificos da medicina moderna, pondo em risco serio a integridade organica em caso de doencas graves. Espero sinceramente que mude de opiniao, pelo bem dos seus proprios filhos.
Um abraco cordial
Prof.Dr. Renato M.E. Sabbatini, PhD
Date: Wed, 18 Jul 1997
From: Liana Bergmann <liana@mbox.cfh.ufsc.br>
Obrigado por ter respondido meu E mail.
1) Não concordo que a "Ciência Oficial" seja neutra, se fosse já teria mostrado interesse em pesquisar tanto casos de curas com medicação homeopática(são muitos) quanto outros usados em terapias alternativas, que muitas vezes funcionam.
2) No caso de meus filhos, não são fatos isolados.Qualquer levantamento estatístico mostraria que crianças(ou adultos) tratados exclusivamente com Homeopatia regem melhor as doenças, ou adoecem menos.
3) A Homeopatia não trata as doenças(câncer,gripe, etc.) ela trata o doente. Esta diferença é fundamental na compreensão do tratamento homeopático.
4) Os remédios homeopáticos são elaborados a partir dos reinos animal, vegetal e mineral e por causa da diluição apresentam pouca ou nenhuma toxidade, porém, como são medicamentos que mexem com a energia vital, tem de ser tomados com rigoroso critério médico.
5) Não considero que tenha sorte por ter saúde em minha família. Tenho sorte de ter descoberto, embora de forma bastante sofrida, que a medicina oficial, com toda sua tecnologia de ponta, funciona mesmo na hora de prestar socorro em caso de acidente, fazer cirurgias de urgência, colar extremidades em caso de fraturas, etc.
Não quero criar polêmica com o Sr. Entendo perfeitamente seu ponto de vista.Não tenho condições de mudar sua forma de pensar, se tivesse, com certeza mudaria, e o Sr. só teria a ganhar com isso. Tenho fortes razões para ter tanta desilusão com os médicos em geral. Na Homeopatia encontrei explicação filosófica de como e porque uma pessoa se enferma (seja lá qual for a enfermidade) e qual o caminho que deve seguir para a cura, aqui entendida como cura do ser e não somente dos sintomas físicos. Não acredito que a Homeopatia seja onipotente porém se ela não consegue curar (existem muitas interferências a considerar) a medicina oficial também não e o que é pior, com sua química pesada, enferma mais ainda.
Liana Bergmann
Date: Tue, 25 Nov 1997
From: Luiz Cezar Salama <drocio@pobox.com>
Subject: homeopatia funciona??
Ilustre Dr. Sabbatini,
Como o Sr reconhece em seu artigo publicado no Correio Popular, o Sr nào conhece a homeopatia... meu conselho vá estudar e praticar, afinal foi assim que um medico contratado para desmascarar SAMUEL Hahnemann se tornou um dos maiores nomes da homeopatia em todos os tempos. Atenciosamente,
Luiz Cezar Salama
Medico Homeopata
Date: Tue, 25 Nov 1997
From: Renato M.E. Sabbatini, PhD <sabbatin@nib.unicamp.br)
Caro Dr Salama:
Não preciso praticar um ramo da medicina para saber se funciona. Para isso existe o velho princípio da autoridade e das publicacoes cientificas. O registro cientifico da homeopatia e' lamentavel. Veja o artigo que estou publicando no Jornal da Associacao Medica Brasileira e no Correio Popular, entre outros:
Acredito que a homeopatia funciona, e esse foi o titulo do meu primeiro artigo. A abordagem humana e altamente funcional que os medicos homeopatas utilizam, tratando o ser humano como um todo, e encarando os quadros sindromicos de maneira diferente que a medicina alopatica sao, na minha opiniao, os grandes pontos positivos da homeopatia, e em parte responsaveis pelos bons resultados obtidos. O que esta' errado e' a homeopatia atribuir o seu poder de cura a principios "cientificos" que sao injustificaveis, e baseados em textos e "pesquisas" de 200 anos atras !
Atenciosamente
Prof.Dr. Renato M.E. Sabbatini, PhD
Date: Tue, 25 Nov 1997
From: Marcos Dias de Moraes <marcosdm@hexanet.com.br>
Subject: Nao sei se foi' bom ou mau ?
Ola' Prof. Dr. Sabbatini,
Creio que um colega nosso colocou de sacanagem um artigo assinado pelo Sr. na nossa lista.
Depois de ler tal artigo, lembrei de ter lido texto identico nas HPs da Clinica Mayo (USA), sendo assim ele nao e' tao inedito.
Textos como este nos jornais nao alcancam o efeito desejado, ja' que a maioria da populacao acredita e se trata com esta especialidade terapeutica tao bonita.
Recentemente, dia 21/11 (Dia da Homeopatia), o programa Sem Censura da TVE realizou pesquisa com o tema "Voce acredita no tratamento homeopatico ?" e 95% responderam SIM.
Quanto ao efeito Placebo, como se explica a eficacia do tratamento homeopatico nos animais e recem-natos ??
O que mais me deixou surpreso, foi seu desconhecimento sobre o assunto Homeopatia, a comecar por esclarece-lo que o Pai da mesma foi Samuel Hahnemann, Residencia Medica Homeopatica nao existe, inclui-la como medicina Alternativa nao e'mais permitido desde 1980 (ela ja' e' oficialmente reconhecida) e etc... Para terminar faco o convite para que venha fazer uma visitar a nossa HP.
Quem sabe aprendera' um pouco sobre esta bela Arte de Curar ! - Um dos maiores opositores de Hahnemann converteu-se a Homeopatia.
Saudações homeopáticas,
Marcos Dias (Homeopata & M.D. Homoeopathic Family Medicine)
O site sobre a Homeopatia na WEB. http://www.hexanet.com.br/~marcosdm/marcosdm.html
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>Nao resisti e resolvi mostrar a vcs o que
a internet faz em prol da Homeopatia quando encontra pessoas como o ilustre
e
>incomparavel Dr. Sabbatini Espero que gostem das explicacoes sobre
esta duvida de como funciona nossa amada homeopatia...
>Grato, Chateado e Ofendido
>Alexandre Henrique Leonel
Date: Tue, 25 Nov 1997
From: Renato M.E. Sabbatini, PhD <sabbatin@nib.unicamp.br)
Caro Marcos, acho que foi bom alguem ter colocado o artigo, pois assim incentiva o debate. Como deixei claro no meu artigo, eu acredito realmente que a homeopatia funciona, e admiro o trabalho holistico e extremamente etico e humano dos homeopatas, em contraste com a medicina excessivamente tecnologia e desumanizada dos dias de hoje. So' que e' preciso fazer mais pesquisas para descobrir PORQUE ela funciona: eu, pessoalmente, como pesquisador medico e cientista, nao acredito que haja base racional e cientifica para os principios basicos da terapia hahnemanniana.
O texto e' original e meu, mesmo. Nao me lembro de ter lido nada sobre isso na Mayo. Escrevi um segundo artigo e agora um terceiro, na serie.
Quanto ao fato da populacao acreditar na homeopatia, acho que tem sua justificativa. Mas isso nao e' evidencia cientifica de que ela funcione, e como funciona.
Estarei visitando brevemente a sua pagina. Um detalhe: o nosso Hospital Virtual Brasileiro tem um departamento de homeopatia, o que prova que nao temos preconceito contra essa especialidade http://www.hospvirt.org.br
Abraço
RMES
Date: Tue, 25 Nov 1997
From: "A. Melo" <ana@squitter.com>
Cc: "Homeopatia" <homeopatia@redetec.org.br>
Subject: Re: [Homeopatia] Nao sei se foi' bom ou mau ?
>A homeopatia precisa apresentar publicamente os estudos científicos que supostamente servem de base para sua "ciência".
Permita-me sugerir-lhe a leitura do livro: "Homeopathy - A Frontier in Medical Science"/Paolo Bellvite, MD and Andrea Signorini, MD. Com aproximadamente 450 referencias de trabalhos cientificos em homeopatia, e um bom comeco antes que se faca novamente uma afirmacao como essa.
Ana
Date: Wed, 26 Nov 1997
From: Liana Bergmann <liana@mbox.cfh.ufsc.br>
Subject: comentario sobre artigo
Dr. Sabbatini :
Lendo seu artigo na internet sobre "Porque a Homeopatia Funciona" custei a crer que um profissional com a sua formação e presumível capacidade intelectual tenha conseguido escrever tanta besteira. O Sr. foi extremamente prolixo e preconceituoso em suas colocações, demonstrando ignorância total do assunto, além disso o texto está mal redigido, apresentando contradições gritantes e desordens de idéias.
O mundo dá muitas voltas. O Sr. é tão contra a homeopatia que não vou me admirar se um dia, em desespero de causa, recorrer a ela e conseguir se curar de alguma doença grave, considerada incurável pela medicina oficial. Foi o que aconteceu comigo uma vez e anos mais tarde com meu filho de apenas 6 meses. Quando isso ocorrer tenho certeza que o Sr. não vai questionar se a homeopatia tem base ou fundamento dentro do paradigma científico que atualmente vigora. Isso será o menos importante.
Lastimável.
Liana Bergmann
Date: Wedn, 26 Nov 1997
From: Renato M.E. Sabbatini, PhD <sabbatin@nib.unicamp.br)
Cara Liana:
Eu não sou contra a homeopatia ! Como disse em meu artigo, não é preciso saber qual é o mecanismo de um medicamento para permitir que ele seja usado ou não. Tenho dois filhos, que quando eu morava na Alemanha, frequentemente tinham infecções recorrentes da garganta e ouvido. Para minha surpresa, praticamente todos os médicos pediatras de Fürstenfeldbruck, onde eu morava (perto de München), receitavam regularmente medicamentos homeopáticos, segundo eles, para poder diminuir a dosagem do antibiótico (no caso eritromicina). Aparentemente funcionava, mas eu realmente não posso dizer se esse efeito era real ou não.
Meu posicionamento foi estritamente científico e se refere ao seguinte:
1. Uma coisa é alegar que os medicamentos funcionam, e outra é a FILOSOFIA homeopática. Se os homeopatas prescrevem medicamentos, é porque eles acham que são efetivos, mas a documentação publicada até hoje coloca muitas dúvidas a esse respeito. A homeopatia parece funcionar por outros motivos, não pelos medicamentos.
2. Alegações extraordinárias exigem provas extraordinárias, e o ônus da prova está em quem alega. Até hoje a homeopatia não comprovou de forma irrefutável suas alegações. Conheço também pessoas que trataram úlcera hemorrágica ou câncer com homeopatia e morreram, pois não funcionou.
3. Casos individuais, como o do seu filho não constituem uma prova científica que a homeopatia funcione melhor do que a medicina alopática.
Atenciosamente
Renato M.E. Sabbatini
De: Favre <favre@cwbone.bsi.com.br>
Para: LISTA HOMEOPATIA <homeopatia@redetec.org.br>
Cc: RENATO SABBATINI <sabbatin@nib.unicamp.br>
Data: Quarta-feira, 26 de Novembro de 1997 10:46
Assunto: LEGADO DIVIDIDO
Alô colegas da lista e Prof. Sabbatini
Sempre me perguntei por que nunca tive qualquer aula na Faculdade de Medicina [UERJ, no caso] sobre a História da Medicina. Mais tarde, estudando por conta própria, pude perceber o quão danoso seria para a medicina oficial que jovens médicos tivessem acesso a assunto tão apaixonante e instigante, que poderia levá-los a questionar e, quem sabe, contestar o sistema.
Para aqueles que também sentiram falta desse conhecimento e para aqueles que gostariam de se aprofundar no porquê da dualidade do pensamento médico-científico, a qual não é nada atual e remonta aos tempos dos Escritos Hipocráticos, sugiro a leitura de DIVIDED LEGACY - THE PATTERNS EMERGE, HIPPOCRATES TO PARACELSUS, de Harris L. Coulter, que não é homeopata, e sim Ph.D em História pela Columbia University.
O Dr. Coulter, da terra do Tio Sam, onde a Homeopatia floresceu tão maravilhosamente no século passado e que onde, infelizmente, nos dias atuais, acha-se proscrita à seara das terapias alternativas, não cabendo aqui analisar os motivos, escreveu um livro sólido e sério sobre a história da filosofia médica Ocidental, desde Hipócrates até os dias atuais, onde liga a Homeopatia à herança do pensamento Empirista, tratando-a com dignidade e respeito como sistema terapêutico científico que é. Ele analisa com brilhantismo o que é a história do pensamento médico e como evoluiu desde os gregos, passando por Hipócrates, Aristóteles, as origens do Empirismo e do Racionalismo, Galeno e Paracelso, em 500 páginas repletas de exemplos para fundamentar suas conclusões.
Há ainda outros 3 volumes, os quais ainda não tive tempo de ler, mas que acredito sejam tão bem escritos quanto o primeiro. São eles:
Consegui os livros através de uma livraria no Rio de Janeiro que os importa a pedido. Levaram alguns meses para chegar. Talvez algum amigo viajando os consiga mais rapidamente. A edição do primeiro volume que eu tenho é de 1994 (segunda edição), editado por Center for Empirical Medicine, Washington, D.C.
Acredito que conhecer o que aconteceu antes de nós nos ajude a compreender >nossas diferenças e aceitar métodos científicos adequados a cada ciência.
Abraços,
ENEIDA FAVRE - Médica Homeopata
favre@bsi.com.br >
From: maria thereza amaral <marithe@mandic.com.br>
Subject: Ciencia
To: homeopatia@redetec.org.br
>Caro Marcos, acho que foi bom alguem ter colocado
o artigo, pois assim incentiva o debate.
>Como deixei claro no meu artigo, eu acredito realmente que a homeopatia
>funciona, e admiro o trabalho holistico e extremamente etico e humano
>dos homeopatas, em contraste com a medicina excessivamente tecnologia
>e desumanizada dos dias de hoje. So' que e' preciso fazer mais pesquisas
>para descobrir PORQUE ela funciona: eu, pessoalmente, como pesquisador
>medico e cientista, nao acredito que haja base racional e cientifica
para
>os principios basicos da terapia hahnemanniana.
Acho extremamente saudável que o Dr. Sabbatini queira incentivar debates acerca de ciência, por que é disso que se trata e não exatamente alopatia ou homeopatia. Visto que o paradigma homeopático não é o mesmo que o da alopatia, não entendo porque, como pesquisador, ele quer que se prove a funcionalidade ou não da homeopatia em experimentos que foram desenvolvidos para testar remédios alópaticos. Insisto que o "duplo cego" da Homeopatia é a experimentação no homem são.
>Em resposta aos meus artigos publicados no Correio Popular ("Porque a Homeopatia Funciona" e "Medicamentos e Pesquisa Científica")., desafiando a medicina homeopática a se posicionar quanto a comprovação real de sua eficácia; a resposta esperada do "establishment" homeopata não poderia ser mais decepcionante.
Sinto dizer que o meio pesquisador homeopático não conhece seu artigo anterior. Nem os que estudam repertório e matéria médica, nem os que estudam profundamente a filosofia homeopática, que, lhe explico, é como se chama a teoria homeopática.
>Para não deixar nenhuma dúvida do público com relação às minhas afirmações, realizei uma extensa pesquisa no mais completo índice de publicações científicas em Medicina, que é a base de dados MEDLINE, produzida pela US National Library of Medicine. Dos mais de 4,5 milhões de trabalhos publicados em mais de 10 mil revistas médicas e biológicas desde 1972, foram encontrados apenas 61 trabalhos de pesquisa que obedecem o padrãocientífico aceitável para a determinação objetiva do efeito de um medicamento, que é chamado de ensaio clínico prospectivo aleatorizado duplo-cego, conforme já expliquei. Esse número pequeno por si só já prova a extraordinária, mas nem um pouco estranha, falta de estudos científicos controlados sobre a eficácia da homeopatia. O que ele dá a parecer é que muitos médicos homeopatas não querem realizar esse tipo de estudo, pois como veremos adiante, eles comprovam de forma devastadora a quase total ineficácia dos medicamentos homeopáticos em uma grande gama de doenças e condições patológicas.
A Medline é extremamente importante para a ciência em geral, tanto que já a consultei diversas vezes, mas não é referencia obrigatória para definir a importancia ou não da ciência homeopática. O Brasil tem uma das homeopatias mais desenvolvidas do mundo, e aqui existem algumas revistas muito boas sobre divulgação da ciencia homeopática, sendo que acho estranho que o senhor ache que elas não existam por não conhece-las.
>Ao contrário do sr. Credídio, cujos livros são difíceis de se encontrar,
Gostaria de saber quem é esse autor, para meu conhecimento geral.
>qualquer leitor que tenha acesso à Internet (a qual uso para trabalhar, e não para "brincar") poderá checar os trabalhos publicados (com resumos em inglês), no endereço http://www.nib.unicamp.br/recursos/homeopatia/homeopat.htm. A pesquisa que realizei pode ser repetida pelos leitores no endereço http://www.ncbi.nlm.nih.gov/PubMed, usando as palavras-chave "homeopathy" e "clinical trials".
Seria extremamente deselegante da minha parte me desculpar com o senhor de só agora a Homeopatia estar se informatizando maçiçamente, mas a fonte de pesquisa de homeopatia não é a mesma da alopatia, e não sei porque deveria ser. Quando um estudioso homeopata quer pesquisar, atualmente ele sabe onde ir.
>Só para dar alguns exemplos referentes ao estudos citados acima, os medicamentos homeopáticos, quando comparados com placebos, não mostraram NENHUM EFEITO estatisticamente significante
Repito que se o paradigma homeopático não é o mesmo, sua avaliação obviamente também não o é. A homeopatia no Brasil já saiu dessa fase negra, de querer se enquadrar nos paradigmas da alopatia. Estamos em fase de se organizar e olhar para o próprio umbigo, porque esta fase é indispensável para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de sua identidade.
> A maioria dos médicos honestos sabe disso, mas esconde esse conhecimento dos pacientes, pois isso é considerado coadjuvante do efeito terapêutico. Desonesto é afirmar publicamente e em revistas científicas que se trata de um efeito verdadeiro.
Com certeza os médicos admitem isso entre médicos, não para seus pacientes. Isso os homeopatas também fazem. Como se diz, o ser tratado muitas vezes se cura apesar do profissional da saúde que está tratando dele, independente da terapêutica que se use.
>Os homeopatas, inocentemente ou não, usam muitas terapias em paralelo à homeopatia, e depois afirmam que foi esse medicamento que funcionou. Por exemplo, em um dos trabalhos citados acima, que deu resultado positivo para o medicamento homeopático, os autores adicionaram, segundo suas próprias palavras, "alguns sais minerais e toxinas animais" ao mesmo. Não é de se espantar que tenha tido efeito...
Infelizmente isso existe em todas ciências, a Homeopatia, assim como as outras, não é composta só por "donzelas puras ".
> Existe até uma tendência recente dos homeopatas de violar os preceitos do Dr. Hahnemann, deixando de realizar diluições tão grandes.
Os preceitos do Dr. Hahnemann não diziam isto.
>Ora.... Aí é que vai ficar perigoso tomar homeopatia, pois alguns dos princípios ativos são bastante tóxicos (beladona, por exemplo, que pode matar, se forem ingeridos poucos centenas de miligramas).
Sinto muito, mas maus profissionais existem em todas as áreas, complicado exigir perfeição da Homeopatia. >
>A homeopatia têm muitas coisas curiosas. Por exemplo, a glorificação do Dr. Samuel Hahnemann (peço desculpas por ter errado o nome dele) e de seus escritos, que foram feitos há mais de 200 anos atrás. A Medicina evoluiu consideravelmente depois de tanto tempo, e um médico alopata seria crucificado pelos pacientes, pagadores de serviços médicos e o Conselho Regional de Medicina, se voltasse a usar sangrias, sanguessugas, cirurgias sem anestesia e cauterizações com ferro em brasa, como era moda médica na época do Dr. Hahnemann.
Infelizmente, de novo vou ter que comentar que não é por que o senhor não os conhece, não existem os estudiosos da teoria Hahnemanniana . Eles provavelmente é que não o conhecem. Não há glorificação, só respeito. E ele não "inventou" a Homeopatia, ele sintetizou e melhorou conhecimentos da época, que vinham de outra corrente que não a de Galeno.
> Convenientemente, os homeopatas se "esquecem" que a base principal da ridícula teoria médica do Dr. Hahnemann era que todas as doenças da humanidade começavam na pele, e eram geradas por um misterioso "princípio energético da coceira"... Porque que só a homeopatia tem o direito de recorrer a alfarrábios totalmente desatualizados e não sofrer nenhuma sanção ética e legal ?
Sinto muito mas não é "ridícula teoria" (um tanto quanto ofensivo isso, não ?). Diz respeito a teoria da origem das doenças para a Homeopatia, que começou com Hahnemann e continua até os dias de hoje, com pesquisadores de vários países. De novo, desde quando o senhor não conhecer é parâmetro ?
>Desafio os homeopatas brasileiros a realizarem mais ensaios clínicos duplo-cegos sobre a sua avantajada farmacopéia.
Seriam tolos se o fizessem. Outro paradigma, outros experimentos. Também seria interessante o senhor entrar num grupo de experimentação homeopática que existe aí em Campinas, a cargo do Dr. Matheus Marim.
> Coloco-me, mesmo, à disposição para ajudar a realizar um desses trabalhos, de forma objetiva. Serei o primeiro a escrever publicamente, aqui e em qualquer lugar que os homeopatas me indicarem, sobre a real eficácia de seus medicamentos, se eles realmente forem comprovados. Pois, ao contrário do que afirmou o sr. Credídio em seu artigo, eu sou professor e pesquisador médico da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, formado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, com doutorado em fisiologia, pós-doutorado na Alemanha, e tenho trabalhos publicados e premiados em dezenas de revistas médicas internacionais. Sou plenamente capacitado para julgar, portanto, a veracidade cientifica da homeopatia.
Sem ser um homeopata, impossível. Primeiro o senhor teria que estudar homeopatia e depois haveria base para uma discussão a esse nível.
maria thereza cera galvão do amaral
veterinária homeopata ( homeopatician veterinarian ) São
Paulo - Brasil ( Brazil )
marithe@mandic.com.br
http://pessoal.mandic.com.br/marithe/mth33.htm
favor confirmar recebimento deste se não for de lista .
Date: Wed, 26 Nov 1997
From: Renato M.E. Sabbatini, PhD <sabbatin@nib.unicamp.br)
Cara Dra Maria Thereza, obrigado pelos seus comentários, que pela elegância e equanimidade se diferenciam de outros, que eu, infelizmente, tenho recebido por email (alguns bem ofensivos, até pessoalmente). Seguem os meus comentários:
>Acho extremamente saudável que o Dr.
Sabbatini queira incentivar
>debates acerca de ciência, por que é disso que se trata
e não exatamente
>alopatia ou homeopatia. Visto que o paradigma homeopático não
é o mesmo que
>o da alopatia, não entendo porque, como pesquisador, ele quer
que se prove a
>funcionalidade ou não da homeopatia em experimentos que foram
desenvolvidos
>para testar remédios alópaticos. Insisto que o "duplo
cego" da Homeopatia é
>a experimentação no homem são.
Exatamente, esse é o ponto. A homeopatia propõe e implementa um modelo diferente de medicina. Nada de errado aí, acho mesmo que o modelo de atenção da homeopatia tem muitos méritos. O homeopata se orgulha de gastar uma hora e meia com o paciente na primeira consulta, etc., e os pacientes, evidentemente, adoram.
Mas será que a medicina alopática também não conseguiria muito melhores resultados, se adotasse uma filosofia semelhante (como já o fez no passado ?). É uma questão interessante.
No entanto, a homeopatia não deve e não pode se furtar ao escrutínio do método científico e à fiscalização da sociedade. Existem várias afirmações na sua resposta que me deixam extrememamente preocupado. Por exemplo:
>mas a fonte de pesquisa de homeopatia não
é a mesma da alopatia, e não sei porque
>deveria ser. Quando um estudioso homeopata quer pesquisar, atualmente
ele
>sabe onde ir. [...]
>Repito que se o paradigma homeopático não é o
mesmo, sua avaliação
>obviamente também não o é. A homeopatia no Brasil
já saiu dessa fase negra,
>de querer se enquadrar nos paradigmas da alopatia. Estamos em fase
de se
>organizar e olhar para o próprio umbigo; [...]
>[Quanto a fazer mais ensaios clínicos duplo-cegos em homeopatia]
>Seriam tolos se o fizessem. Outro paradigma, outros experimentos. [...]
>[Quanto a eu ajudar a fazer um trabalho com os homeopatas]
>Sem ser um homeopata, impossível. Primeiro o senhor teria que
estudar
>homeopatia e depois haveria base para uma discussão a esse nível.
Esse tipo de posicionamento é muito negativo para a homeopatia. Caracteriza um comportamento de exclusao, de isolamento, de xenofobia, de que "as coisas so' funcionam se eu fizer, se outros fizerem, não funcionam", de que "meu método não pode ser avaliado por pessoas externas ao meu grupo", de que "as fontes de informação são diferentes", etc.
Desculpe falar isso, mas são atitudes muito mais próprias de uma religião, ou de um sistema de crenças, do que de ciência ! Por tudo que tenho observado (e observo bastante, pois faço parte da diretoria da Associação Médica Brasileira), a medicina homeopática anseia ser ciência, deseja se integrar e ser aceita pela comunidade médica, deseja ensinar, propagar seus conhecimentos e conquistar mais adeptos no meio médico alopático. Então, se quer ser ciência, procure seguir os paradigmas da ciência.
A Sra. se engana quando diz que o modelo duplo-cego foi feito para avaliação da medicina alopática. Ele é um método geral, embasado na investigação objetiva, comparativa e o mais livre de vieses possivel. Se os homeopatas rejeitam o duplo-cego, por neutralizar e invalidar a metodologia básica da homeopatia, que é justamente a da interação complexa com o "totus" do paciente, existem outras maneiras de efetuar comparações científicamente válidas. Alíás, o duplo-cego não é sagrado, tanto é que tem seus próprios problemas, até éticos.
Para mim, existem alguns pontos na filosofia homeopática, como a Sra. muito bem a denominou, que contradizem frontalmente o conhecimento científico vigente e até a lógica. Um deles é o inescapável número de Avogadro, que determina o número de moléculas existentes em uma determinada quantidade de matéria. Outro é o que a biologia molecular sabe sobre a interação droga-receptor e as ações em nivel de membrana celular. Não creio que devam ser aceitáveis por médicos treinados nas faculdades para uma exercer uma medicina baseada em evidências, afirmações sobre pretensos mecanismos obscuros e nunca comprovados, como "memória da água", energizações, etc. A homeopatia se expõe a acusações sérias, contempladas no código penal brasileiro, ao receitar preparações nas quais afirma existir um "quantum" de substância ativa, mas que pelo nosso conhecimento de química nada contém. Se uma empresa farmacêutica que vende medicamentos alopáticos fizesse isso, ia todo mundo para a cadeia, não é verdade ? (e o médico homeopata, que por vezes têm que recorrer a um antibiótico forte ou um carcinostático para debelar coisas mais sérias e potencialmente letais, seria o primeiro a denunciar a companhia farmacêutica se perdesse um paciente por causa duma coisa dessas, tenho a certeza).
A homeopatia não pode se trancar num gueto e escapar da avaliação da sociedade. Não pode ficar presa no seu proprio mundinho, só publicando nas suas revistas, só comunicando nos seus próprios congressos, etc. Não pode extrapolar, querendo curar todas as doenças do homem usando uma abordagem única.
Um exemplo: desde 1938, a Pharmacopeia Homeopathica e os produtos homeopáticos fabricados e distribuidos são isentos de aprovação e de fiscalização por parte da Food and Drugs Administration, nos EUA. Porque ? Essas e outras coisas e' que por vezes provocam reações contra a homeopatia.
A população precisa ser esclarecida com relação a real eficácia de sua abordagem, e sobre as visões contrárias à mesma.
Isso é o que eu (e muita gente no meio médico) pensa.
Atenciosamente
Sabbatini
From: maria thereza amaral <marithe@mandic.com.br>
Subject: Re: Ciencia
>Mas será que a medicina alopática
também não conseguiria muito melhores
>resultados, se adotasse uma filosofia semelhante (como já o
fez no passado ?). É uma questão interessante.
Com certeza, eu, como paciente, fiquei na Homeopatia e me trato com ela à 14 anos por isso. A minha médica é clínica geral e pediatra, e ela trata da minha família inteira. Isso é muito reconfortante e nos dá segurança. Este é um dos aspectos da Homeopatia, ela optou por continuar tratando do ser como um todo e de seu ambiente. Ela é uma mistura peculiar de ciência que quer tratar do indivíduo e do seu meio ao mesmo tempo. Um ser equilibrado já ajuda equilibrar um meio, mais de um, mais ainda. Apesar de haver outras correntes que são mais "alopatizadas" quanto a isso, o que Hahnemann e outros grandes mestres defenderam era isso.
>No entanto, a homeopatia não deve e
não pode se furtar ao escrutínio do método
>científico e à fiscalização da sociedade.
Existem várias afirmações na sua
>resposta que me deixam extrememamente preocupado.
>Por exemplo:
>>mas a fonte de pesquisa de homeopatia
não é a mesma da alopatia,
>>e não sei porque deveria ser. Quando um estudioso homeopata
quer pesquisar, atualmente ele sabe onde ir. [...]
Não são lugares herméticos e fechados a outros pesquisadores, só que ficam nos centros de estudo de Homeopatia. Tanto não são fechados que uma parte está indexado a BIREME, através da Biblioteca da Associação Paulista de Homeopatia. É porisso que digo que o senhor não saber não é referência. -
>>Repito que se o paradigma homeopático
não é o mesmo, sua avaliação
>>obviamente também não o é. A homeopatia no
Brasil já saiu dessa fase negra,
>>de querer se enquadrar nos paradigmas da alopatia. Estamos em fase
de se
>>organizar e olhar para o próprio umbigo;
Mantenho a observação e explico o porque. Em que situação ficaria a ortopedia se necessitasse da aprovação da cardiologia para existir ? Mal, porque uma especialidade não entende da outra. O mesmo se dá com a homeopatia. Ela não pode se ligar a alopatia para provar nada, e sim achar seus próprios caminhos e daí sim, provar a todos nos seus termos como funciona. Repare que não falo em dar as costas a ciência e sim a alopatia, neste sentido.
>>[Quanto a fazer mais ensaios clínicos
duplo-cegos em homeopatia]
>>Seriam tolos se o fizessem. Outro paradigma, outros experimentos.
Sinto muito, mas são os pesquisadores homeopatas que vão ter que achar uma maneira de provar a eficácia da Homeopatia. Não é possivel a ingerência de alopatas nisso. Repito, numa comparação grosseira, que em experimentos de ortopedistas, cardiologistas não iriam analisar resultados ou opinar sobre linhas de pesquisa.
>>[Quanto a eu ajudar a fazer um trabalho
com os homeopatas]
>>Sem ser um homeopata, impossível. Primeiro o senhor teria
que estudar
>>homeopatia e depois haveria base para uma discussão a esse
nível.
Homeopatia é uma especialidade, como Ortopedia e Cardiologia. Porém ambos tem congressos, revistas e listas de discussão na Internet em separado. E estudiosos de uma especialidade não se ofereceriam para acompanhar e analisar pesquisas do outro a não ser que tivessem um profundo conhecimento das duas especialidades. Por que com Homeopatia seria diferente ? O contrário, sim, denota preconceito.
>Esse tipo de posicionamento é muito
negativo para a homeopatia.
>Caracteriza um comportamento de exclusao, de isolamento, de xenofobia,
>de que "as coisas so' funcionam se eu fizer, se outros fizerem,
não
>funcionam", de que "meu método não pode ser
avaliado por pessoas externas ao meu
>grupo", de que "as fontes de informação são
diferentes", etc.
De maneira alguma, é preconceito seu. É uma especialidade que necessita de especialistas da área para julga-la. Inclusive, se exames para especialistas existem, é porque existem pessoas capacitadas para esta avaliação. Seria um posicionamento negativo se achassemos normal ser analisados por um não especialista. Os cursos de ponta de Homeopatia tem a duração de 3 anos para médicos e dois para dentistas e veterinários. Se para ser especialista é necessário issso, para um especialista ser analisado só por outro especialista isso tem sentido.
>Desculpe falar isso, mas são atitudes
muito mais próprias de uma
>religião, ou de um sistema de crenças, do que de ciência
!
O senhor lê com os olhos embaçados pelo preconceito...
>Por tudo que tenho observado (e observo bastante,
pois faço parte
>da diretoria da Associação Médica Brasileira),
a medicina homeopática
>anseia ser ciência, deseja se integrar e ser aceita pela comunidade
>médica, deseja ensinar, propagar seus conhecimentos e conquistar
>mais adeptos no meio médico alopático. Então,
se quer ser ciência,
>procure seguir os paradigmas da ciência.
>A Sra. se engana quando diz que o modelo duplo-cego foi feito para
>avaliação da medicina alopática. Ele é
um método geral, embasado na
>investigação objetiva, comparativa e o mais livre de
vieses possivel.
>Se os homeopatas rejeitam o duplo-cego, por neutralizar e invalidar
>a metodologia básica da homeopatia, que é justamente
a da interação
>complexa com o "totus" do paciente, existem outras maneiras
de efetuar
>comparações científicamente válidas. Alíás,
o duplo-cego não é sagrado,
>tanto é que tem seus próprios problemas, até éticos.
O modelo duplo cego serve à experimentos de alopatia, mas não aos homeopáticos. Se desenvolvido por pesquisadores familiarizados com alopatia, não poderia e nem teria que ser diferente. Peço desculpas por não discutir com mais profundidade sobre isso, mas no momento não é um assunto que eu domine com mais profundidade.
>Para mim, existem alguns pontos na filosofia
homeopática, como a Sra. muito
>bem a denominou, que contradizem frontalmente o conhecimento
>científico vigente e até a lógica. Um deles é
o inescapável número de
>Avogadro, que determina o número de moléculas existentes
em
>uma determinada quantidade de matéria. Outro é o que
a biologia
>molecular sabe sobre a interação droga-receptor e as
ações em nivel
>de membrana celular. Não creio que devam ser aceitáveis
por médicos
>treinados nas faculdades para uma exercer uma medicina baseada em evidências,
>afirmações sobre pretensos mecanismos obscuros e nunca
comprovados,
>como "memória da água", energizações,
etc.
Não são obscuros para a física e a química avançada. A Homeopatia, por seu caráter mais abrangedor, há tempos usa pesquisadores de outras áreas da UNICAMP, na pessoa do Dr. Matheus Marim. Se não amplamente divulgadas, provavelmente porque ainda não chegaram a um estágio satisfatório. Mas estão sendo pesquisadas. E também se apoia muito na patologia ensinada pelo saudoso e famoso patologista médico Dr. Maffei e propagada por seus alunos (também não me extendo porque não sou especialista no assunto).
>A homeopatia se expõe a acusações sérias, contempladas no código penal brasileiro, ao receitar preparações nas quais afirma existir um "quantum" de substância ativa, mas que pelo nosso conhecimento de química nada contém. Se uma empresa farmacêutica que vende medicamentos alopáticos fizesse isso, ia todo mundo para a cadeia, não é verdade ? (e o médico homeopata, que por vezes têm que recorrer a um antibiótico forte ou um carcinostático para debelar coisas mais sérias e potencialmente letais, seria o primeiro a denunciar a companhia farmacêutica se perdesse um paciente por causa duma coisa dessas, tenho a certeza).
Aí se inserem dois enganos. Na realidade, a "briga" da Homeopatia não é com a Alopatia. É com os alopatas. Brigas acontecem entre seres humanos e não entre terapêuticas. Homeopatas usam alopatia quando necessitam (um homeopata excepcional, se não necessitar de seu uso não fará, aqui falo dos homeopatas médios, dos muitos que existem nesse país, eu incluida), pois o que importa é o bem estar do paciente. O limite disso é a capacidade do médico. Alopatia é uma terapeutica útil em diversas situações, não são anos de trabalho por nada, mas nós podemos usa-la porque tivemos formação nela, antes de ser homeopatas. Quanto ao medicamento, não é a primeira, nem a última vez no mundo que se sabe que algo faz alguma coisa antes de saber o porque. Não cabe aqui retrospectivas da história da ciência, mas isso é fato. E o fato da Homeopatia existir como especialidade é um aprova cabal disso.
>A homeopatia não pode se trancar num gueto e escapar da avaliação da sociedade. Não pode ficar presa no seu proprio mundinho, só publicando nas suas revistas, só comunicando nos seus próprios congressos, etc. Não pode extrapolar, querendo curar todas as doenças do homem usando uma abordagem única.
Doutor, o senhor está condenando congressos de cardiologia ? Afinal, os de Hoemopatia são tão abertos aos médicos de todas as especialidades quanto os de Cardiologia. E ela não está trancada num gueto, só que o senhor não sabe onde ela está, não procurou nos lugares certos, não consultou os especialistas e mestres no assunto, enfim, não entendo porque o senhor supõe que eles deveriam, de algum modo ir até o senhor. Alguns tem seu currículo em Alopatia, e até melhores.
>Um exemplo: desde 1938, a Pharmacopeia Homeopathica e os produtos homeopáticos fabricados e distribuidos são isentos de aprovação e de fiscalização por parte da Food and Drugs Administration, nos EUA. Porque ? Essas e outras coisas e' que por vezes provocam reações contra a homeopatia.
A situação da Homeopatia nos EUA não tem comparação com a daqui. Lá ela praticamente não existe, já que foi o país responsável por sua quase destruição no século passado.
>A população precisa ser esclarecida com relação a real eficácia de sua abordagem, e sobre as visões contrárias à mesma.
Indo direto ao ponto, se o senhor tivesse qualificação para esse tipo de análise, eu diria que concordo com seu artigo. Como o senhor não tem qualificação para tanto, concordo em parte.
>Isso é o que eu (e muita gente no meio médico) pensa.
Aqui cabe uma explicação histórica, em linhas muito gerais :
A homeopatia sempre teve uma abordagem muito prática da parte do Dr. Hahnemann, apesar da enorme cultura que ele tinha, tanto a nível de medicina, química, filosofia, porque o nível da ciência médica da época era um enorme limitante. Ele desenvolveu a prática, e depois a teoria homeopatia, e seguidores seus, nem todos médicos, já que na época a formação dos cientistas era menos segmentada, continuaram com esse trabalho. A homeopatia teve um avanço muito bom na França, Alemanha, EUA, inclusive no Brasil, só que sobre ela teve um fato avassalador : numa época, do século passado, em que as ciências médicas floresceram, ela foi quase varrida do mapa por diversos interesses, nos diversos países em que atuava. Onde mais se entrincheirou foi na França, porque sua homeopatia é mais voltada ao tratamento dos orgãos, e porisso mais palatável. A conclusão disso foi um atraso considerável na formação de pesquisadores e cientista homeopáticos, um atraso que parecia que nunca mais iria ser vencido, mas começou a mudar de figura a partir dos anos 70 e 80, com um incremento enorme nos anos 90. Quem vê de fora, como o senhor, não imagina o esforço hercúleo que vem sendo feito para ultrapassar este desastre, mas ele existe. Só que no seu caso, levando em conta sua formação e currículo de pesquisador, não há desculpas, a meu ver, para o desconhecimento deste fato quando escreveu e escreve seus artigos. Uma das primeiras regras de um pesquisador é se inteirar de tudo sobre o assunto antes de emitir opiniões, e o senhor não fez isso.
maria thereza cera galvão do amaral veterinária homeopata
( homeopatician veterinarian ) São Paulo - Brasil ( Brazil ) marithe@mandic.com.br
http://pessoal.mandic.com.br/marithe/mth33.htm
favor confirmar recebimento deste se não for de lista .
From: "fklin" <fklin@elogica.com.br>
Subject: En: [Homeopatia] Re: Nao sei se foi' bom ou mau ?
Date: Fri, 28 Nov 1997
Para: homeopatia@redetec.org.br
Cc: Renato M.E. Sabbatini, PhD <sabbatin@nib.unicamp.br)
Sociedade de Homeopatia de PE
Teoria do conhecimento científico (abordagem filosófica)
Segue alguns trechos do tipo de abordagem seguida no curso do formação em homeopatia:
.... " A homeopatia no Brasil está passando por um momento importante... a sua afirmação institucional... ...há uma efervescência da discussão homeopática no Brasil e tem havido acirrada contenda entre escolas homeopáticas do tipo: a) A homeopatia é perfeita, se o homeopata não está conseguindo acertar o medicamento do paciente é porque ainda não domina o seu conhecimento. b) Na outra linha de pensamento: A homeopatia está num estágio de conhecimento que precisa ser revisto, modernizado, provado, pesquizado. O conhecimento homeopático não estária perfeito, necessitando ser depurado de coisas que foram agregadas no decorrer do tempo. Seja numa ou noutra direção, o homeopata enquanto pensador da homeopatia, deveria possuir mais uma ferramenta filosófica: Deveria conhecer a TEORIA DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO, como também as nuances do > MÉTODO CIENTÍFICO (com sua necessária "hipótese nula"), e ter alguma referência sobre técnicas em PESQUISA OPERACIONAL, de posse disto poderia ousar interpretar a VISÃO HOLÍSTICA e tentar formular novos paradigmas..."
Com esta introdução possivelmente conscientizadora, os nossos homeopatas tem sido informados sobre:
"Teoria do conhecimento científico:
ETMOLOGIA: Cognoscere
SINONÍMIA...: Epistemologia, gnosilogia
CONCEITO...: A teoria do conheciento científico procura fazer uma reflexão sobre os procecesso de formação do conhecimento, como se fosse a inteligência tomando consciência de si própria. Ao se procurar apreender a realidade seja uma coisa, um ser, um fenômeno, etc estamos tentando um contato com a realidade objetiva, dizemos "é o OBJETO" ; o resultado disso será uma representação na mente, dizemos "é a IMÁGEM". Iniciamos então uma exaustiva reflexão sobre os processos da inteligência, sobre a natureza do conhecimento, sobre o seu real valor, e sobre "os métodos pelos quais se conhece". Ao que se passa dentro do indivíduo chamamos de MUNDO ABSTRATO e ao resto do universo chamamos de MUNDO CONCRETO. O objeto e a imágem > pertencem, pois, a mundos distintos.."
Etc, etc, etc...
Após tres anos de curso, alguns dos alunos conscientemente são unicistas outros são pluralistas, ambos na maioria das vezes conseguem uma linha de entendimento com a alopatia...
Abraços
Franklin D.S.
Date: Fri, 28 Nov 1997
From: Renato M.E. Sabbatini, PhD <sabbatin@nib.unicamp.br)
Caro Franklin:
O dia em que a homeopatia fizer essa revisão, vão acontecer duas coisas:
1. vai deixar de ser homeopatia, pois ela se baseia numa linha dogmática e doutrinária. A homeopatia é o que Hahnemann disse que é. Leiam as acusações candentes da Comissão Nacional contra a Fraude na Saúde, dos EUA contra a prática homeopática, resumida por mim em: http://www.nib.unicamp.br/recursos/homeopatia/acusa.htm
2. vai descobrir que todos os seus principios doutrinarios nao tem enbasamento cientifico. Portanto vai ter que se auto-dissolver.
A caracteristica de toda ciencia e' progredir, rever, reformular, reinterpretar. A ciencia pode ter paradigmas, dogmas jamais. A natureza da ciencia e' o permanente ceticismo, inclusive sobre o seu proprio conhecimento. Ate' mesmo os paradigmas sao quebrados e inteiramente reformulados de vez em quando (vide Thomas Kuhn).
A homeopatia e' ciencia ? Ou e' um culto, uma seita ?
Renato M.E. Sabbatini
Parte da Página: A Homeopatia Funciona
?
Última atualização: 28.Nov.97