Viciados em Internet?Revista Intermedic, Campinas, v. 3, n. 2, abril de 1999.Você levanta às 3 da manhã para ir no banheiro e na volta liga o computador para checar o seu correio eletrônico? Você sonha em HTML? Todos seus amigos tem um @ no nome? Você tem uma tatuagem dizendo "Este corpo é melhor visualizado pelo Nestcape 4.5"? Seu computador sofre uma pane, você fica 2 horas sem se conectar e desesperado disca manualmente para seu provedor de Internet, faz uns barulhos estranhos com a boca para se comunicar com o modem e...funciona?! Se você respondeu a sim para qualquer uma dessas perguntas, talvez você seja um viciado em Internet. Apesar da ironia presente nas questões acima, o problema existe e pode ter conseqüências psicológicas sérias. O termo Desordem de Dependência à Internet (Internet Addiction Disorder - IAD) foi utilizado pela primeira vez pelo Dr. Ivan Goldberg, como uma paródia modelada em outras desordens piscológicas, mas que passou porém a acreditar em sua existência. Esta síndrome não pode ser definida precisamente nos dias atuais (e existe mesmo uma discussão sobre sua existênica), uma vez que somente existem pesquisas exploratórias sobre o assunto, que não podem estabelecer uma relação causal entre determinados comportamentos e sua causa. Assim, a existência de pessoas que utilizam a Internet em excesso pode ser comparada à existência de pessoas que lêem, vêem televisão ou trabalham em excesso, em detrimento da família, de amigos e de atividades sociais em geral e não caracteriza uma síndrome psicológica comparável à esquizofrenia ou depressão. O que pode ser realmente observado é a existência de um uso compulsivo da Internet por determinados indivíduos e assim como outros usos compulsivos é coberto por categorias de diagnóstico existentes. Por este ponto de vista, não seria a tecnologia o fator de dependência, mas sim o hábito da pessoa, que poderia ser tratado por técnicas cognitiva-behavioristas da psicoterapia, sem a necessidade de especialistas específicos. Por outro lado, uma das principais dificuldades no estudo da dependência à Internet é a determinação de qual o tempo de uso que seria considerado excessivo, uma vez que este deve ser comparado em relação a uma ativade ou a um grupo de pessoas. O tempo de uso somente não poderia ser considerado como indicador de dependência ou de uso compulsivo, uma vez que deve ser considerado o contexto em que outros fatores atuam. Porém, a Internet parece possuir capacidade de causar dependência maior do que os outros meios, como especulam vários pesquisadores. O motivo poderia ser por exemplo o aspecto interativo da Internet que permite a socialização, não existente em outros meios, apesar da visão de alguns autores, como A'isha Ajayi, professor de tecnologia de informação do Rochester Institute of Technology de Nova York, que vê estes acontecimentos como uma progressão natural da tecnologia: "O que estamos vendo é meramente uma continuação da tendência de décadas das pessoas gastarem cada vez mais tempo com tecnologia do que com outros humanos. Este deslocamento da família e colegas em direção à tecnologia da mídia de massa como agentes primários de socialização pode ser remontada à era do rádio na década de 30, seguida pela televisão na década de 50 e às redes de computadores de hoje. Para muitas pessoas, estar online significa um meio de lidar com uma sociedade onde as pessoas estão se tornando cada vez mais isoladas uma das outras". Com o aumento e prevalecência da deste tipo de desordem, criou-se um grupo de suporte, o Internet Addiction Support Group (IASG) que estabeleceu um critério para a diagnose da IAD. Segundo este critério, a dependência é manifestada se um (ou mais) dos seguintes critérios ocorrer dentro de um período de 12 meses: (I) Tolerância, definida por um dos seguintes itens: (A) Necessidade marcante de tempos cada vez maiores na Internet para obter satisfação. (II) Privação, manifestada por um dos seguintes itens: (A) Síndrome característica da privação (1) cessação (ou redução) do uso intensivo e prolongado da Internet. (3) Os sintomas no Critério 2 causam tensão ou desvalia na vida social, ocupacional ou outra área importante (B) O uso da Internet ou serviço online semelhante é usado para aliviar ou evitar sintomas da privação. (III) A Internet é geralmente acessada mais freqüentemente ou por períodos de tempos maiores do que o intencionado. (IV) Existe um desejo persistente ou tentativas mal-sucedidas de diminuir ou controlar o uso da Internet (V) Um grande parte do tempo é gasta com atividades relacionadas com o uso da Internet (por exemplo, comprar livros de Internet, testar novos navegadores WWW, organizar arquivos de materiais descarregados.) (VI) Importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais são abolidas ou reduzidas devido ao uso da Internet. (VII) O uso da Internet é continuado apesar do conhecimento de se ter um probema físico, social, ocupacional ou psicológico recorrente que provavelmente foi causado ou aumentado pelo uso da Internet (privação de sono, dificuldades maritais, atrasos em compromissos pela manhã, negligência de deveres ocupacionais, sentimentos de abandono, entre outros problemas significantes) Uma lista de sintomas alternativos é dado pelo médico Joseph Woo, em seu site sobre perigos (físicos, mentais e legais ) da Internet: 1) Usar os serviços online diariamente, sem qualquer omissão. Apesar da falta de acordo entre os vários pesquisadores sobre a natureza da desordem e o caráter ainda preliminar dos métodos de identificação acima expostos, o uso compulsivo da Internet ode trazer conseqüências danosas, como reporta a American Psychiatric Association (APA): isolamento social, privação de sono, uso da Internet apesar de problemas na vida real causados ou exarcebados por ele, perda de interessem em atividades sociais, problemas maritais, dívididas de cartão de crédito, produtividade reduzida no trabalho, esforço visual, dores de cabeça, síndrome do túnel de carpo. A natureza deste problemas sociais, familiares, financeiros, ocupacionais e físicos, aliado ao grande alcance de usuários que a Internet possui torna o problema bastante importante, cuja discussão deve ser fomentada ao máximo e neste sentido a própria Internet aparece como uma poderosa ferramenta de informação. Apresentamos a seguir alguns recursos para aqueles que quiserem se aprofundar no tema: Recursos na InternetListas de DiscussãoInternet Addiction Support Group SitesOnline Addiction Mental Health Network Lista de recursos comentados sobre IADInternet Addiction Guide Psych Central Interneters Anonymous (Richard A. Scott) Netholics Anonymous Referências
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