| Desistência:
'Sou muito desorganizada e indisciplinada para tomar remédios
homeopáticos' | O
problema é que o tratamento homeopático é muito longo. Depende
O fato é que a duração varia. 'Vai durar mais ou menos tempo de acordo
com uma série de fatores, como o estado clínico do paciente e há quanto
tempo ele apresenta a enfermidade. O tratamento de doenças crônicas
pode levar até dois anos', explica o homeopata Paulo Rosenbaum. Mas uma
gripe (ou amigdalite) pode ser debelada em até uma semana, diz Flávio
Dantas.
Não é fácil se tratar com a
homeopatia porque é preciso tomar as bolinhas de hora em hora.
Depende Em doenças agudas (como uma amigdalite) ou mesmo no auge da
crise de uma enfermidade crônica, 'a recomendação é o uso repetido e em
intervalos de tempo mais curtos', explica Flávio Dantas. Aí, pode ser
necessário tomar as bolinhas a cada uma hora. Mas, conforme o paciente
vai apresentando melhora no quadro clínico, os remédios passam a ser
ingeridos em intervalos maiores, podendo chegar ao típico de oito em
oito horas ou até uma vez por dia.
De um modo
geral, porém, os tratamentos homeopáticos exigem uma boa dose de
dedicação. Tanto que há quem desista no meio do caminho. Desde pequena
(por decisão da mãe, é claro), a jornalista Karina Granella
Caradec, de 28 anos, procurou curar seus males com
homeopatia. Mas, quando já adulta a responsabilidade de lembrar o
instante exato de tomar os medicamentos passou para a moça, tudo se
complicou. 'Sou muito desorganizada e indisciplinada para conseguir
lembrar, principalmente se tiver que tomar em intervalos curtos',
conta. Depois que suas duas filhas nasceram, Karina ainda tentou mais
uma vez se reconverter à cura pelas bolinhas, pois sua mãe não se
cansava de repetir que aquele tipo de tratamento era 'melhor para as
meninas'. 'Não adiantou. Eu acabava esquecendo de dar os remédios e as
minhas filhas acabavam piorando.' Karina decidiu, então, ficar só com a
alopatia, tanto para tratar a si mesma como das filhas. 'Acho que o
efeito dos remédios convencionais é mais rápido e, como em geral não é
necessário tomar várias doses por dia, as chances de eu esquecer de
tomar ou de dar às meninas são menores', observa.
| Bom
senso: 'Se perceber que não está dando resultado, é preciso
adotar medidas alopáticas' |
Os remédios homeopáticos são menos agressivos para o
organismo do que os alopáticos. Verdade Sua
formulação é bastante diluída. Aliás, foi exatamente por usar
concentrações menos agressivas que a empresária Cibele de
Freitas Mello, de 31 anos, se decidiu pela homeopatia para
tratar seus filhos. 'Queria algo com menos efeitos colaterais e que
apresentasse resultados positivos', conta Cibele. Depois de conversar
com sua médica e esclarecer todas as suas dúvidas, Cibele adotou as
bolinhas brancas para si e para as crianças. 'Se tenho algum problema
de saúde ou até emocional, recorro à homeopatia', diz Cibele, que
garante quase sempre obter bons resultados. Mas a empresária ressalta
que bom senso nunca deve faltar: 'Se perceber que o tratamento não está
funcionando, é preciso recorrer logo à alopatia e fazer o que for
necessário'. Outro detalhe importantíssimo: ser 'menos agressivo' não
significa que as bolinhas não causem efeito colateral algum. Como os
remédios alopáticos - os convencionais -, elas podem provocar efeitos
negativos - e não devem ser tomadas sem receita médica e na quantidade
que o paciente, por conta própria, considerar certa. Vale a regrinha de
sempre: antes de tomar qualquer remédio, deve-se consultar um
especialista.
Remédio homeopático é
bolinha de açúcar e, por isso, nunca funciona. MITO
As pílulas contêm substâncias ativas - em doses diluídas. Agora, se
está cientificamente provado que funcionam, é assunto que gera
controvérsias longas. Segundo
o médico Renato Sabbatini, da Unicamp, existem pesquisas mostrando que
as bolinhas homeopáticas não são muito diferentes dos placebos -
pílulas que têm a aparência de um remédio de verdade, mas não sua
substância ativa. Nas pesquisas para medir a eficiência de
medicamentos novos, o remédio real e o placebo são ministrados em
voluntários que desconhecem qual dos dois estão recebendo. Depois,
mede-se os efeitos que tanto quem tomou o placebo como quem ingeriu o
medicamento diz ter sentido e compara-se. 'Certas pessoas têm tanta
fé na homeopatia que atribuem à ela a cura. Na realidade, a doença foi
debelada por outro motivo', diz Sabbatini. Flávio Dantas
rebate: 'Há estudos que comprovam que, mesmo com toda diluição,
remédios homeopáticos curam doenças, sim'. Página 1 | 2
fotos: Carlos Gueller
|