Bill Gates,
o bilionário "wiz kid" (garoto-maravilha") da Microsoft,
acaba de subir um degrau mais de sua escalada rumo ao proclamado domínio
da Internet. Em uma operação multimilionária, anunciou
a semana passada que sua empresa comprou a WebTV, um peão mais que
simbólico da batalha travada pelo filão de ouro do futuro,
que é a união entre a TV a cabo e a Internet.
Explico: WebTV é o nome de um aparelhinho genial, que, acoplado a uma televisão comum, a transforma em um terminal de navegação da World Wide Web (WWW), com controle remoto e tudo. Custa apenas US$ 300 nos EUA, e até já chegou ao Brasil, anunciado na Feira de Utilidades Domésticas.
A WebTV é considerada uma excelente aposta no futuro da Internet de massa, mas ainda não conseguiu capturar uma parte significativa do mercado. Nos EUA, são apenas 70 mil usuários, o que é pouquissimo num universo estimado em 70 milhões. Pode ser que seja mais uma dessas boas idéias que são remetidas para a lixeira da história, por fatores outros que tecnológicos. No entanto, surpreendentemente, identificou-se um nicho especializado de mercado para a WebTV, que ninguém imaginava, e que está aderindo com força total: é o público idoso, formado por aposentados, que já é um dos clientes principais da televisão, talvez por não terem mais nada para fazer na vida. Uma enquete mostrou que eles adoram a WebTV, e não querem renunciar a sua nova conquista, facil de usar e ao alcance de suas minguadas bolsas. A maioria usa para quatro tipos de coisas: correio eletrônico (uma benesse para quem teve sua vida social drasticamente reduzida pela falta de mobilidade), acesso a notícias diárias, acompanhamento de aplicações financeiras, e informações sobre saúde.
O próximo alvo da WebTV é, evidentemente, o mercado de jogos domésticos (não á toa que a Web TV é representada no Brasil por uma grande fabricante de videogames). Mas Bill Gates tem outras coisas em mente: home banking, home shopping, guias eletrônicos de programação de canais de TV (um "must" para a era de 500 canais de TV a cabo e satélite, que se aproxima rapidamente), e outras aplicações interativas fáceis e descomplicadas. Mas há muitas outras aplicações ainda não inventadas. Uma delas: com a TV digital e os canais de video por demanda (pay-per-view), uma home-page da Web poderá disparar um programa de TV, armazenado em um servidor (da Microsoft, naturalmente, e é por isso que ela recentemente investiu milhões em uma empresa que desenvolveu essa tecnologia de servidores). Ou então, em programas de TV educativa, os alunos poderão receber em suas casas textos e multimídia interativa relativos à enissão que acabaram de assistir, complementando-a.
Será que vai dar certo ? Ou a WebTV vai seguir o destino do videotexto e da televisão interativa, que não conseguiram furar a barreira do uso doméstico ? As apostas estão abertas.
A verdade é que a briga é mais em cima. Ninguém duvida, praticamente, que o futuro aponta para uma união entre as mídias de TV e da Internet numa mesma máquina. O problema é saber qual será a direção preferida pelo mercado: microcomputadores que serão também receptores de TV, ou aparelhos de TV que terão computadores de acesso dedicado à Internet ? As duas tem vantagens e desvantagens, e é provavel também que venham a coexistir e até se superpor (independentemente de ter um computador em casa, eu adoraria poder navegar na WebTV a partir de minha televisão, principalmente enquanto estiver assistindo a algum programa.
Seria o máximo da sofisticação
em matéria de "zapear"...)
Veja também: Índice
de todos os artigos anteriores de Informática do Dr. Sabbatini no
Correio Popular.
Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas, 15/4/1997
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