Comércio eletrônico na Internet? Muitos especialistas acham que a coisa não pegou ainda, mas que vai pegar. Existem algumas coisas que parecem ter sido feitas de encomenda para serem vendidas pela rede: livros e discos, por exemplo. Ou então, reservas de vôos, serviços bancários e assinaturas de revistas (pouco, ainda). Para a esmagadora maioria dos pequenos, médios e grandes negócios, a Web ainda é apenas um lugar onde se coloca sua home page, e mesmo assim, com algumas reservas. O e-commerce, o e-business, que a IBM tanto apregoa em seus anúncios, simplesmente não é a realidade (ainda…).
Mas existe agora um lugar em que qualquer pessoa pode comprar e vender de tudo: uma espécie de "mercado das pulgas" eletrônico. São os sites de leilão on-line, que se transformaram recentemente na coisa mais "quente" da Internet. Um exemplo? O maior site de leilões, a eBay (www.ebay.com) tinha neste domingo exatamente 2.066.571 itens à venda, em 1.627 categorias, que vão desde antigüidades (51.318 objetos) até computadores e periféricos (73.600). O eBay é um dos 10 sites mais visitados da Internet: tem 600 milhões de acessos por mês (!). Em 1997, o eBay vendeu mais de 100 milhões de dólares, sendo 21 milhões em Dezembro. Em 1998, esse valor foi triplicado, e deverá ser duplicado ou triplicado novamente neste ano. Segundo o fundador do eBay, um francês chamado Pierre Omidyar, mais de 60% dos itens postos à leilão na eBay são vendidos. Em função disso, a empresa (que durante dois anos não teve um único funcionário a não ser Omidyar) é uma das que mais valem atualmente.
Seguindo a trilha do sucesso, literalmente centenas de sites de leilão on-line foram abertos no último ano. Alguns, como a Onsale, Inc., (www.onsale.com) se especializam apenas em hardware e software, que estão entre os itens mais procurados. A coisa parece ser tão boa, que Jeff Bezos, o bem-sucedido dono da Amazon.Com (www.amazon.com), a tetéia da Internet em matéria de comércio eletrônico (embora não tenha mostrado um centavo de lucro desde que foi fundada), comprou uma empresa de leilões virtuais e a instalou em seu site. Está tendo um enorme sucesso, novamente, e parece que dessa vez com lucro.
Como funciona um leilão virtual? A primeira coisa é você inscrever uma oferta numa categoria adequada, e propor um preço mínimo e uma data para terminar o leilão. Ai as pessoas que querem comprar vão até a categoria, localizam ofertas tentadoras e fazem uma proposta de compra on-line, exatamente como num leilão de verdade. Fechada a venda, para quem deu mais, obviamente, o bem é pago e entregue diretamente entre o vendedor e o comprador, estejam eles onde estiverem. O site de leilões serve apenas de intermediário.
É uma coisa tão natural para a Web, que é incrível que alguém não tenha tido essa idéia antes. Como os sites de leilões ganham dinheiro? Da mesma forma que nos leilões não-virtuais. A eBay cobra 25 centavos por item para colocá-lo a venda. Qualquer pessoa ou empresa pode registrar algo para vender, e a eBay faz de tudo para coibir fraudes (embora elas existam, mas pouco). Se o item for vendido, a eBay cobra uma comissão que varia de apenas 1,25 a 5%. É um sucesso fenomenal, que mudou a vida de muita gente. Se você encontrar um nicho de mercado adequado (e com mais de 20 milhões de usuários isso não é muito difícil), dá para ter uma taxa de sucesso de vendas acima de 90%, e um lucro que depende só do quanto o item posto à venda é desejável. Quanto a isso, não é de se surpreender que os leilões mais disputados e que conseguem maiores valores de venda são os de objetos de coleção (moedas, selos, porcelana, cartões de basebol, figurinhas raras, história em quadrinhos, caixinhas de fósforo, etc.) e os souvenirs relativos à pessoas famosas e filmes. Nesta semana tinha um leilão especial de objetos usados no "set" de filmagens da série "Melrose Place", conhecida no Brasil por quem tem TV a cabo. Estavam sendo vendidos um par de botas, uma cabeceira de cama e um vestido de baile, entre outros itens.
Para muita gente, hoje a eBay e outros sites de leilões são um meio de vida e de sustento, principalmente porque pode-se trabalhar em casa. O comércio é uma das atividades mais antigas da espécie humana, que deve ter começado assim que se instaurou a idéia de propriedade. Surgiram os mercados de escambo, e depois, com a invenção do dinheiro e da matemática, a coisa pegou fogo. O comércio eletrônico, sem dúvida, é um passo revolucionário nessa evolução, e promete transformar a economia. Ë só esperar mais um pouco.
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Correio Popular.
Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas, 22/5/99.
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